Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Boulos e o desafio de conquistar mais votos petistas

Deputado é um dos líderes em São Paulo | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Empenhado em não posar de marisco na briga entre o mar e o rochedo travada por bolsonaristas que apoiam Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (Psol) tem o desafio de conquistar mais votos da esquerda.

Os 23% de intenções de votos obtidos por ele no Datafolha são muito inferiores aos percentuais recebidos, em 2022, pelos petistas Lula e Fernando Haddad, candidatos a presidente e a governador. Na capital do estado, eles foram vencedores, no primeiro turno, com 47,54% e 44,38% dos votos (vitórias que se repetiriam na rodada decisiva).

Apesar do apoio de Lula, Boulos ainda não conseguiu atrair os 42% dos paulistanos que, segundo o Datafolha, têm alguma simpatia pelo PT.

 

Pobres

O percentual é maior (49%) entre os que somam renda familiar de até dois salários mínimos e que têm ensino fundamental (55%). Entre os mais pobres, a liderança é de Nunes, com 28% (Boulos tem 19%). Dos que votaram em Lula, 19% preferem o atual prefeito.

Tabata

Boulos também espera seduzir parte dos 9% dos eleitores que preferem Tabata Amaral (PSB). O psolista é a segunda opção de voto entre 43% dos que a apoiam. O problema é fazer isso sem irritá-la e inviabilizar seu apoio num eventual segundo turno.

Anistia vira moeda de troca na disputa na Câmara

Arthur Lira tenta consenso para escolha de sucessor | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

A reunião de líderes partidários na Câmara marcada para hoje deve jogar uma batata pra lá de quente nas conversas: a discussão de anistia para condenados por atos golpistas no 8 de Janeiro.

O tema virou moeda no mercado de votos relacionado à eleição do presidente da Casa, em fevereiro: bolsonaristas já indicam trocar apoios pela concessão do apagamento das penas.

A esquerda, minoritária no Congresso, é contra a anistia, mas o presidente Lula já admitiu uma conversa sobre o tema — desde que, primeiro, haja condenações, numa referência indireta ao caso de Jair Bolsonaro, ainda investigado.

Força

Quem conhece o Congresso aposta que o resultado das eleições municipais vai ser bem relevante na discussão da anistia. Caso Bolsonaro saia enfraquecido das urnas — perca em São Paulo, por exemplo —, vai ser mais difícil conseguir aliados para a causa.

ATR: erros

Um especialista em segurança aérea ouvido pelo Correio Bastidores não afasta a possibilidade de que erros do comandante e do copiloto tenham contribuído de forma decisiva para o acidente com o ATR-72 da Voepass, no dia 9 de agosto, que matou 62 pessoas.

Velocidade

Ele estranha o fato de os dois não terem, segundo o relatório preliminar divulgado pela Aeronáutica, tomado providências para reverter a queda de velocidade do avião — isso, embora os alarmes tenham sido soado na cabine. A velocidade é fundamental para manter o voo.

Atenção

Quatro minutos antes da queda, diante de condições severas de gelo, eles conversaram com despachante em terra, comissária de bordo e reportaram previsão de pouso aos passageiros. Segundo o especialista, parece ter faltado "consciência situacional", ou seja, atenção.