O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ligou ontem para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para pedir apoio na aprovação de projetos relacionados ao atendimento a vítimas da enchente e à reconstrução do estado.

Falou também na necessidade de criação de uma legislação especial que proteja administradores públicos como governadores e prefeitos que, em caso de calamidades em suas regiões, recorrem a contratações em caráter excepcional.

Assim como ocorre em outras tragédias pelo país, o caso gaúcho envolve liberação de verbas federais e, portanto, controle por parte do Tribunal de Contas da União, que volta e meia complica a vida de gestores.

O pedido ficou de ser formalizado em projeto a ser apresentado por integrantes da bancada gaúcha, que ainda ontem se reuniriam com Lira. O presidente da Câmara prometeu ajuda a Leite e disse que só se empenharia em aprovar propostas por ele apoiadas.

Diferentemente da guerra em redes sociais, em que bolsonaristas atacam a atuação do governo federal na tragédia, a reunião de líderes na Câmara correu com tranquilidade. Houve concordância com a necessidade de se agilizar a ajuda às vítimas da enchente no sul.

Solidários na hora da enchente, deputados e senadores devem mostrar ao governo amanhã que, no chão acarpetado e seco do Congresso, não haverá moleza. Tudo indica que eles derrubarão o veto presidencial a artigo da lei que dificulta a chamada saidinha de presos.

Ontem à tarde, parlamentares ligados ao governo ainda tentavam um acordo para manter o veto de Lula à destinação de R$ 5,6 bilhões do total previsto para emendas de comissões do Congresso.

O Planalto acena com a entrega de R$ 3,6 bilhões, que seriam devidamente pagos (essas emendas não são de execução obrigatória). Mas muita gente duvida da promessa.

O ódio na internet chegou num ponto que dificulta a arrecadação de recursos para as vítimas da enchente organizada pelo youtuber Felipe Neto, odiado por bolsonaristas. A chave PIX foi denunciada como sendo irregular, o que complicava o processo de doação.

Na Comissão de Cultura da Câmara, Aliel Machado (PV-PR) deu bronca em Abílio Brunini (PL-MT), que usou a sessão para criticar a ajuda do governo ao RS. "As pessoas não estão preocupadas com a cor da bandeira política, o importante é a união de todos", disparou.

Nossa polarização chegou ao Congresso americano em audiência convocada por republicanos para denunciar supostos ataques à liberdade por aqui. A deputada trumpista María Elvira Salazar exibiu uma foto do ministro Alexandre de Moraes, por ela acusado de ser censor.

Já a deputada democrata Susan Wild disse o Brasil era uma democracia vibrante e que não cabia ao Congresso americano debater o tema. Perguntou por que não houve audiência semelhante quando, disse, Jair Bolsonaro articulou um golpe militar.