Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | CPI mira em suspeita de assassinato de advogado

Rodrigo Crespo, assassinado no meio da rua | Foto: Divulgação

A CPI das Apostas do Senado deverá investigar o suposto envolvimento de máfia do jogo ilegal no assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo, em fevereiro, no Rio. Segundo o Ministério Público, o crime foi para intimidar os que, como a vítima, queiram participar do mercado legal de apostas.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) diz que a análise entraria no capítulo que trata de empresas que bancam os jogos. Ressalva ser preciso que a suspeita do MP, revelada pela CBN, seja evidenciada.

Como a coluna detalhou em setembro, o projeto de regulamentação das bets — que virou lei em dezembro — possibilitava a legalização de outros tipos de jogos, inclusive o do bicho. "Foi aberta a chance para a entrada no mercado de grupos criminosos. Eles querem isso?", pergunta Portinho.

 

Liberou

Relatado pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA), o projeto também legalizou jogos como os de cassino oferecidos online. Permite também apostas em lojas físicas, que podem vender bilhetes impressos, o que também abriu caminho para a permissão do jogo do bicho.

Reserva

A lei criou uma reserva de mercado para brasileiros. Estes têm que ser donos de pelo menos 20% do capital de cada casa de apostas. Exige também que pelo menos um dos sócios de bets tenha "comprovado conhecimento e experiência em jogos, apostas ou loterias".

A lei e os grupos que operam de maneira clandestina

Portinho questiona se ilegais vão se adaptar | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

"Como será o modus operandi desses grupos que tradicionalmente trabalham na ilegalidade? Eles vão querem andar na linha, pagar impostos? Vão aceitar concorrência", questiona o senador.

Sancionada pelo presidente Lula, a lei prevê pagamento de R$ 30 milhões para a concessão do direito de exploração de jogos e determina que as empresas tenham sede no país. Prevê que o Ministério da Fazenda concederia um prazo mínimo de seis meses para a adaptação das bets.

A Justiça decretou a prisão preventiva de três suspeitos de participarem da execução do advogado, que teria sido encomendada por contraventores.

Tributária 1

Integrantes da oposição contestam o projeto de regulamentação da reforma tributária encaminhado pelo governo. Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) reclama da alíquota do futuro imposto, estimada em 26,5%, "a maior do mundo", diz (a da Hungria chega a 27%).

Tributária 2

Outro ponto que recebe muitas críticas é a redução de 30% do imposto que será pago por integrantes de 18 categorias profissionais, entre eles, advogados, engenheiros e professores de educação física. "Não dá para privilegiar alguns setores", reclama Cavalcante.

Mercado futuro

Para quem conhece os meandros do Congresso, ao peitar o governo, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, mirou na própria sucessão. Mostra comprometimento com os colegas e assim fortalece a eleição do aliado Davi Alcolumbre (União-AP).

Condenação

Pacheco, que não costuma ser radical, foi firme ao condenar a atitude do Palácio do Planalto de recorrer à Justiça para barrar lei aprovada pelo Congresso — a que concedeu abatimentos em pagamentos previdenciários de prefeituras e de empresas de 17 setores.