Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Lira atacou Padilha e atingiu Palácio do Planalto

Ataque de Lira garantiu cargo de Padilha | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O torpedo verbal disparado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), contra o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, explodiu no Palácio do Planalto. Ficou evidente que a crítica também é dirigida ao presidente Lula, que mobilizou suas bases para manter preso o deputado Chiquinho Brazão, suspeito de ser um dos mandantes do assassinado de Marielle Franco.

Há meses que Lira reclamava de Padilha, por ele acusado de descumprir acordos e de dificultar as relações com o Planalto. O presidente da Câmara sequer pronunciava o nome do encarregado de fazer a ponte com deputados e senadores.

Ao classificar Padilha de "incompetente" e de chamá-lo de "desafeto pessoal", Lira mostrou que não engoliu a articulação contra Brazão.

 

Autorização

Apesar de não ter se envolvido de maneira explícita no caso de Brazão, Lira permitiu que o aliado Elmar Nascimento (União-BA) agisse para que o colega fosse libertado. Nascimento é visto como o favorito do presidente da Câmara para sua própria sucessão.

Versão

A soltura do deputado reforçaria a pré-candidatura de Nascimento junto a setores mais radicais da oposição, especialmente, a ala bolsonarista. Oficialmente, porém, havia a defesa de que a libertação representaria a preservação das prerrogativas parlamentares.

Crítica pesada inviabiliza a demissão do ministro

Arthur Lira, presidente da Câmara | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A declaração de guerra feita por Lira inviabiliza a retirada de Padilha das Relações Institucionais — a mudança também vinha sendo defendida por parlamentares que reclamam de promessas não cumpridas.

Depois da fala do presidente da Câmara, a saída do ministro seria encarada como uma rendição definitiva de Lula a Lira. Agora, o governo tenta encontrar um jeito que permita a votação de projetos de seu interesse na Câmara, como a regulamentação da reforma tributária.

Antes do Carnaval, os dois presidentes se encontraram ficaram de resolver diretamente quaisquer problemas.

Sem derrota

A briga envolve a disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro de 2025. Lira acusou Padilha porque não pode admitir que seja preponderante a versão de que foi derrotado na votação de quarta-feira passada e que, portanto, já não teria tanto prestígio.

Sem conserto

Ao acusar Padilha de ter espalhado que ele, Lira, fora derrotado, o presidente da Câmara tenta inverter o jogo e, ao mesmo tempo, pressionar o governo. "Isso agora não tem mais conserto", diz um deputado da base governista, e que faz muitas críticas ao ministro.

Limpeza

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), entrou em campo para manter seu ex- aliado na cadeia — até o início de fevereiro, Chiquinho Brazão era secretário de Ação Comunitária da prefeitura. Paes já classificou de "erro" a nomeação e, agora, tenta se desvincular dele.

Campanha

Paes ligou para deputados e pediu votos contra Brazão. Aliada do prefeito, a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) foi encarregada do corpo-a-corpo na Câmara. Na tribuna, Marcelo Calero (PSD), outro ex-secretário do prefeito, jogou pesado contra o suspeito do assassinato.

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