CORREIO BASTIDORES | Fotos da perícia do corpo de Marielle foram perdidas

O problema foi atribuído a um defeito no cartão de memória da câmera fotográfica. Perito afirmou que "máquina foi para a direção do instituto".

Por Fernando Molica

O ex-PM Ronnie Lessa, contou, em sua delação premiada, que os irmãos Brazão (Chiquinho e Domingos) ofereceram um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio de Janeiro para ele e seu comparsa (o ex-PM Edmilson de Oliveira, assassinado em 2021) que poderia lhe render um lucro de US$ 20 milhões, em troca da morte de Marielle Franco. Segundo Lessa, Marielle teria seria um empecilho aos planos da família Brazão na região, ao orientar moradores para não aderirem aos empreendimentos ligados à milícia. As imagens do depoimento à PF foram exibidas pelo programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (26).

As imagens oficiais feitas pelos legistas dos corpos de Marielle Franco e de Anderson Gomes foram perdidas e não puderam ser analisadas. O problema foi atribuído a um defeito no cartão de memória da câmera fotográfica. O Instituto Médico-Legal faz parte da estrutura da Polícia Civil — o então chefe da corporação, Rivaldo Barbosa, foi preso neste domingo, suspeito de envolvimento no crime.

As poucas fotos disponíveis do exame do corpo de Marielle foram feitas não com a máquina do IML, mas com equipamento particular de um perito que acompanhou o procedimento. Reginaldo Franklin, diretor do IML na época dos homicídios, afirmou que desconhecia a perda das fotos oficiais: "É uma surpresa". Admitiu, porém, que o backup das imagens foi perdido.

A delegada Andréa Menezes, então diretora do Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica, disse não se recordar do episódio e que o fato não chegou ao seu conhecimento. Ressaltou que o DGPTC, a quem o IML é subordinado, tinha muitas limitações técnicas.

O legista Cláudio Amorim Simões, que examinou o corpo de Marielle, disse, por telefone, que "a máquina foi para a direção do instituto", que deveria ser procurada. Ao saber que a coluna já havia falado com os então diretores do IML e do DGPTC, ele afirmou que não poderia dar declarações e que apenas a assessoria de imprensa da Polícia Civil poderia ser manifestar.