Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Homicídios disparam em áreas de milícia no Rio

Ônibus queimado durante ataque miliciano | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A primeira edição do estudo "O crime no Rio - Dados oficiais e análises" mostra que, entre 2022 e 2023, os homicídios dolosos cresceram 62,3% na Zona Oeste carioca, onde a presença da milícia é dominante. No período, os assassinatos na região passaram de 308 para 500. No estado, o aumento foi bem menor, 7,6%.

Para o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), responsável pela publicação, uma das hipóteses para a explosão de casos naquela área da cidade é a intensificação das disputas territoriais entre grupos milicianos. Isto, como resultado das divisões da Liga da Justiça depois da morte, em 2021, de seu chefe, Wellington da Silva Braga, o Ecko, durante um confronto com a polícia. A Liga é a maior milícia do Rio.

 

Impacto

Os homicídios na Zona Oeste também impactaram o crescimento desse tipo de crime na cidade do Rio de Janeiro: 22,4%, contra uma queda de 1,4% na Baixada Fluminense — região tradicionalmente associada à violência — e de 10,2% na área da Grande Niterói.

Triplo de mortes

Em alguns bairros da Zona Oeste, os assassinatos mais do que dobraram entre 2022 e 2023. No Recreio dos Bandeirantes, o número de casos mais do que triplicou, passou de 35 para 110. Em Jacarepaguá, os homicídios passaram de 114 para 250; em Santa Cruz, de 52 para 103.

Policiais também mataram mais nesses bairros

Área corresponde a 70% da cidade do Rio | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Os dados levam em conta Áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs), que abrangem conjunto de bairros ou cidades que têm em comum o mesmo batalhão de Polícia Militar.

Em quatro dessas AISPs sediadas na Zona Oeste houve aumento de mortes por intervenção de agentes do Estado. Isto foi na direção oposta do ocorrido no conjunto do território fluminense (queda de 34%, de 1.330 para 869). Na AISP do Recreio dos Bandeirantes, os casos subiram de três para 22; na de Jacarepaguá, de 27 para 83.

Na AISP que engloba Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba, na turística Costa Verde, os casos saltaram de 60 para 72.

MPRJ reage

O Ministério Público do Rio reagiu às críticas feitas à sua atuação no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O relatório da Polícia Federal sobre o caso levanta suspeitas sobre o papel exercido por integrantes do MP fluminense.

Prisões

Em nota, o MPRJ ressalta que seu trabalho foi decisivo para as prisões dos ex-PMs Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, que confessaram participação direta no atentado ao carro onde estava a vereadora. Frisa também que sua atuação gerou denúncia e prisão de outros suspeitos.

Rivaldo

Gussem também é citado por ter defendido, em outro caso, o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, acusado pela PF de ser um dos mandantes do crime. O MPRJ afirmou que enfrentará "as vis tentativas de desqualificar o trabalho executado por suas estruturas".

Omissão

No relatório, a PF classifica de omissa a atuação do primeiro promotor a atuar no caso, Homero de Neves Freitas Filho. Também critica o trabalho do então procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, que atuou para evitar que as investigações do crime fossem federalizadas.

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