Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Marielle: Psol cobra detalhes sobre papel de infiltrado

Vereadora Marielle Franco teria sido alvo do espião | Foto: Reprodução

O Psol comemorou a conclusão da investigação sobre os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, mas dentro do partido ainda há muitas dúvidas sobre o caso.

Uma delas é o papel que teria sido exercido pelo miliciano Laerte Silva de Lima, que se filiou ao Psol para, supostamente em nome da família Brazão, espionar as atividades do partido.

Parlamentares e outros filiados ao Psol afirmam não lembrar de terem visto Laerte (que seria preso em 2019) em qualquer atividade partidária. Em sua delação premiada, o pistoleiro e ex-PM Ronnie Lessa afirmou acreditar que o infiltrado possa ter exagerado para os Brazão o papel de Marielle nas disputas de terras em áreas de milícias.

 

Ligação

Também segundo Lessa, foi do telefone de Laerte que o major PM Ronaldo Paulo Alves Pereira comunicou a Edmilson Macalé onde Marielle estaria no dia em que seria, 14 de março de 2018. A informação foi então repassada ao pistoleiro, que finalizou os detalhes do crime.

Conversas

A investigação da Polícia Federal mostrou que, entre os dias 6 e 14 de março de 2018, houve 16 ligações telefônicas entre Laerte e Ronald. Condenado em 2022 por homicídios ocorridos 19 anos antes, Ronald fora homenageado, em 2004, pelo então deputado Flávio Bolsonaro.

Partido ainda procura motivos para assassinato

Preso, Chiquinho Brandão fala a deputados | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Outro ponto que o Psol espera ser esclarecido pela PF é o porquê de Marielle ter virado alvo preferencial dos mandantes. Ela foi apenas um dos sete vereadores a votar contra o projeto sobre loteamentos apresentado pelo então colega Chiquinho Brazão na Câmara Municipal.

A grande questão é saber se Chiquinho e seu irmão Domingos — suspeitos de encomendarem o crime — odiavam Marielle ou se queriam matar algum parlamentar do Psol, partido visto como inimigo.

O PMDB, então partido de Chiquinho, passava por uma crise gerada por investigações em torno de suas maiores lideranças: muitas seriam presas.

 

Cadeia

Em novembro de 2017, liminar obtida pelos deputados do Psol Marcelo Freixo e Eliomar Coelho permitiu a prisão de três parlamentares do PMDB. Sem a medida, um dos alvos viraria conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o que ao menos adiaria a ida deles para a cadeia.

 

PMDB era alvo

Em seu depoimento nas investigações, Rossana Tavares, ex-assessora de Marielle, afirmou que o gabinete de Freixo, por "estratégia de sobrevivência política" e para "capitalização política da esquerda", fazia ações e denúncias contra grandes figuras do PMDB.

Disputa 1

O caso Marielle esquenta a briga da esquerda para a eleição de prefeito do Rio. O Psol tem provocado os petistas ao lembrar que Chiquinho Brandão, até fevereiro, integrava a equipe de Eduardo Paes (PSD). O PT já decidiu apoiar a reeleição do atual prefeito.

Disputa 2

Outro calo: filho da deputada Lucinha (PSD), acusada de ligações com a milícia, Junior da Lucinha é secretário municipal do Envelhecimento Saudável. Irmã de Marielle, a ministra Anielle Franco vai se filiar ao PT: setores do partido querem que ela seja vice de Paes.

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