Por: Fernando Molica

CORREIO BASTIDORES | Fotos da perícia do corpo de Marielle foram perdidas

Caso Marielle Franco ganha novos capítulos com essa ação da PF | Foto: Arquivo/Guilherme Cunha/Alerj

As imagens oficiais feitas pelos legistas dos corpos de Marielle Franco e de Anderson Gomes foram perdidas e não puderam ser analisadas. O problema foi atribuído a um defeito no cartão de memória da câmera fotográfica. O Instituto Médico-Legal faz parte da estrutura da Polícia Civil — o então chefe da corporação, Rivaldo Barbosa, foi preso neste domingo, suspeito de envolvimento no crime.

As poucas fotos disponíveis do exame do corpo de Marielle foram feitas não com a máquina do IML, mas com equipamento particular de um perito que acompanhou o procedimento. Reginaldo Franklin, diretor do IML na época dos homicídios, afirmou que desconhecia a perda das fotos oficiais: "É uma surpresa". Admitiu, porém, que o backup das imagens foi perdido.

A delegada Andréa Menezes, então diretora do Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica, disse não se recordar do episódio e que o fato não chegou ao seu conhecimento. Ressaltou que o DGPTC, a quem o IML é subordinado, tinha muitas limitações técnicas.

O legista Cláudio Amorim Simões, que examinou o corpo de Marielle, disse, por telefone, que "a máquina foi para a direção do instituto", que deveria ser procurada. Ao saber que a coluna já havia falado com os então diretores do IML e do DGPTC, ele afirmou que não poderia dar declarações e que apenas a assessoria de imprensa da Polícia Civil poderia ser manifestar. 

Não lembra

A delegada Andréa Menezes, então diretora do Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica, disse não se recordar do episódio e que o fato não chegou ao seu conhecimento. Ressaltou que o DGPTC, a quem o IML é subordinado, tinha muitas limitações técnicas.

Perito

O legista Cláudio Amorim Simões, que examinou o corpo de Marielle, disse que "a máquina foi para a direção do instituto", que deveria ser procurada. Ao saber que a coluna falara com os então diretores do IML e do DGPTC, ele afirmou que a Polícia Civil deveria ser consultada.

Outras falhas da perícia atrapalharam apuração

Delegado Giniton Lages, afastado do cargo pelo STF | Foto: Agência Brasil

Outros problemas dificultaram a perícia do caso: não havia imagens de câmeras do local do crime; cápsulas de projetéis foram recolhidas de maneira indevida; o aparelho de raio-X do IML estava quebrado e o carro utilizado pelos assassinos jamais foi encontrado.

Também alvo das investigações da Polícia Federal, o delegado Giniton Lages, então titular da Delegacia de Homicídios, foi o responsável, em 2019, pelo anúncio dos nomes dos contratados para matar Marielle: os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz.

Um experiente policial carioca explica a eventual contradição: ninguém esperava que Lessa fosse capaz de delatar.

Poder de polícia

O relatório da Polícia Federal cita o poder de Domingos e Chiquinho Brazão de nomear comandantes de batalhões da PM e titulares de delegacias. Conclui que quem mais "se locupleta desse cenário de guerra civil" são "atores políticos e seus agentes estatais".

Brazão X Psol

A PF revelou a irritação de Chiquinho Brazão com Marielle, que atuava contra interesses da milícia. Mas frisou a existência de "animosidade" entre os Brazão e o Psol. Um ex-assessor da vereadora afirmou que o Psol era tido como "calcanhar de Aquiles" do PMDB.

Os sem foro

Ao depor, Arlei Assucena citou que, em 2017, ação do Psol impediu a ida do deputado Edson Albertassi (PMDB) para o Tribunal de Contas do Estado. Com a proibição, Albertassi e outros políticos do partido ficaram sem foro no Superior Tribunal de Justiça e foram presos.

Pesquisas

Na época, Chiquinho era do PMDB: o partido não engoliu a ação movida por dois deputados do Psol, entre eles, Marcelo Freixo. A PF mostra que Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, fez pesquisas sobre ela e outras pessoas ligadas ao Psol, entre elas, a filha de Freixo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.