Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Leitos parados em hospitais federais aumentam

Hospital Geral de Bonsucesso: disponibilidade de leitos | Foto: Reprodução

O número de leitos interditados em seis hospitais federais do Rio de Janeiro aumentou desde abril de 2023 — passou de 283 para 361. Os dados foram obtidos numa comparação entre relatório de vistoria feito no ano passado pela Câmara dos Deputados e os que estavam disponíveis, ontem, no Censo Hospitalar Público da Secretaria Municipal de Saúde do Rio. Os leitos interditados representam 21,8% dos disponíveis nos seis hospitais.

No Hospital Geral de Bonsucesso, que sofreu um incêndio em 2020, o índice de leitos interditados chega a 44%: dos 412, 182 não podem ser utilizados (há um ano, eram 138)

O Hospital da Lagoa tem leitos fechados há três anos, como o de número 534/2, indisponível desde abril de 2021.

 

Sem médicos

Ao se clicar, na página do Censo Hospitalar, nas imagens em vermelho que representam os locais onde deveriam estar os pacientes surge, na maioria das vezes, a justificativa de falta de médicos. Há também registros de ausência de enfermeiros e de medicamentos.

Trocas

Os problemas nos hospitais do Rio são um dos principais motivos da crise no Ministério da Saúde. A ministra Nísia Trindade trocou responsáveis pela administração da rede, herdada do governo federal e anunciou a contratação de 500 profissionais de saúde.

Índices melhores nas redes municipal e estadual

Leitos fechados e falta de insumos no INCA | Foto: Reprodução/Internet

Há muitos leitos indisponíveis também em institutos federais no Rio, referências em suas especialidades. Numa das unidades do Instituto Nacional de Câncer, 37 dos 207 leitos (17%) não podem ser utilizados (índices de 13% no de Cardiologia e de 16% no de Traumato-Ortopedia). Há registros de falta de profissionais, de medicamentos e de insumos. Nos hospitais municipais Souza Aguiar e Miguel Couto, os percentuais de leitos parados são de 1% e 3%. Na rede estadual, o Getúlio Vargas tem índice zero de interdição e o Carlos Chagas, de 3%. O índice do Pedro II é de 9% - segundo o site, os leitos estão inativos por motivo de obras.

Livro sobre SUS

Os problemas dos hospitais e institutos federais que ficam no Rio se arrastam há décadas; muitos deles abordados no recém-lançado livro "SUS, uma biografia" (Record), de Luiz Antonio Santini e Clóvis Bulcão. Eles narram casos de pressões e de corrupção.

'Serra Pelada'

Um dos personagens citados é o ex-deputado Roberto Jefferson que, segundo eles, defendia interesses de hospitais privados na década de 1980. Segundos os autores, alguns setores de hospitais públicos eram chamados de "Serra Pelada" — onde estava o ouro.

Crítica

Crítico de Nísia, o deputado Washington Quaquá (PT-RJ) diz que, até agora, não viu rumo na gestão do Ministério da Saúde. Afirma que os problemas de hospitais federais apontados em relatório do próprio governo estão sem solução. "É uma gestão inepta", diz

Reza

Vice-presidente nacional do PT, Quaquá diz "rezar" para que os problemas na saúde sejam resolvidos. Reclama, porém, do que chama de falta de inovação. Ele já defendeu a entrega do ministério para o Centrão, como forma de garantir maioria do governo no Congresso.

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