O indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) por fraude em cartão de imunização contra a covid funciona, ironicamente até, como uma espécie de vacina contra acusações de perseguição ao ex-presidente. Como ressalta um experiente político, a materialidade do crime é inquestionável e o caso — falsificação de documentos — é mais fácil de ser compreendido do que um golpe de Estado. No máximo, Bolsonaro pode alegar que, apesar das evidências, tudo foi feito sem seu pedido ou sua autorização.
As características do caso permitiram uma rápida apuração e facilitam denúncia por parte do Ministério Público e condenação, que abririam caminho para a responsabilização do ex-presidente em crimes mais graves.