Por: Fernando Molica

Correio Bastidores | Governo enfrenta dificuldades para mudar medidas

Fernando Haddad: sem soluções no horizonte | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Não vai ser fácil para o governo fazer com que o Congresso aprove mudanças muito significativas no Perse (programa de isenção fiscal a empresas de eventos, turismo e setores correlatos) e na lei que diminuiu de 20% para 8% contribuições previdenciárias de prefeituras de cidades com até 156,2 mil habitantes.

Em dezembro, medida provisória revogou os dois benefícios, mas, pressionado, o Ministério da Fazenda aceitou negociar — o problema é o tamanho do que admite perder.

Em relação ao Perse, o governo fala em limitar setores beneficiados, na volta gradual de alíquotas e na exclusão de empresas que faturem mais de R$ 78 milhões/ano. Quer também que o projeto seja de iniciativa do Congresso e não do Executivo.

 

Sem consenso

"O governo não quer ser o autor para não ser acusado de infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal se o volume de isenções for maior que o previsto", diz o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE). Ainda não há consenso sequer sobre redução dos setores beneficiados.

Reunião

Na terça, parlamentares envolvidos nas negociações terão uma nova reunião com o governo. No mesmo dia, o assunto será discutido em reuniões de líderes com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O Congresso cobra detalhamento do valor das isenções em 2023.

Deputado: arrecadação subiu com benefício a prefeituras

Benevides Filho quer manter patamar de desconto | Foto: Paulo Sérgio/ Câmara dos Deptuados

Benevides Filho questiona a intenção do governo de reduzir o benefício previdenciário para cidades com até 50 mil habitantes. Diz que não adianta cobrar a alíquota cheia se os valores não são pagos. A dívida dos municípios chega a R$ 240 bilhões e, segundo o deputado, não há como ser quitada, nem com corte nos juros.

Afirma que depois da redução para 8% prefeituras passaram a pagar suas cotas em dia. Diz que pediu — e não recebeu — dados sobre o valor pago pelos municípios em fevereiro de 2023 e no mês passado. Em sua avaliação, as informações vão mostrar um aumento no valor arrecadado, o que representaria lucro para o governo.

Impasse 1

A expectativa do Ministério da Justiça de revelar este mês o nome do mandante do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes esbarra numa dificuldade: o fechamento do acordo de delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa.

Impasse 2

Acusado de atirado em Marielle e Anderson, Lessa apresentou sua versão do caso, que foi considerada importante pela Polícia Federal. Mas ele quer, em troca, receber benefícios além dos que lhe foram oferecidos. O impasse impede o acordo e sua homologação.

Formalização

A homologação terá que ser feita pelo ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça. Só depois da aceitação do acordo é que Lessa dará um depoimento formal para a PF que, em tese, sequer pode usar as informações já obtidas para novas investigações.

Foro especial

Lessa avalia os benefícios oferecidos são inferiores aos obtidos por Élcio Queiroz, também acusado, que fechou acordo no Rio. A delação de Lessa está no STJ por citar suspeito com foro especial, que seria o ex-deputado Domingos Brazão, que nega envolvimento.

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