Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Coronel bolsonarista não deverá ser vice de Nunes

Prefeito quer evitar nacionalização da disputa | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Indicado por Jair Bolsonaro (PL) para ser companheiro de chapa de Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela reeleição à Prefeitura de São Paulo, o coronel da reserva da PM Ricardo de Mello Araújo, ex-comandante da Rota, não deverá ser escolhido para vice.

Na avaliação dos partidos da aliança em torno de Nunes, por ser muito ligado ao ex-presidente, o oficial reforçaria a nacionalização da disputa, o que o prefeito quer evitar.

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto já entregou quatro opções de vice para Nunes (Araújo entre eles), mas, nas últimas semanas, cresceu o nome de Aldo Rebello, que substituiu Marta Suplicy na Secretaria de Relações Internacionais. Ele já foi ministro de Dilma Rousseff e de Lula.

 

Dificuldades

Ex-integrante do PCdoB, Rebelo é filiado ao PDT, que já declarou apoio a Guilherme Boulos (Psol). Para ser candidato, precisaria trocar de partido até 6 de abril e contar com a concordância das demais siglas que apoiam Nunes. O cargo, em tese, ficará com o PL.

Cuidados

Rebelo tem sido citado como possibilidade de amenizar o viés conservador da candidatura de Nunes, apoiada por Bolsonaro. A indicação é tratada com cuidado para não irritar o ex-presidente, que poderia tentar ressuscitar a candidatura de Ricardo Salles, seu ex-ministro.

Desafios do prefeito: focar na gestão e evitar radicalismo

Adversário de Nunes, Boulos tem o apoio de Lula | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Detectada pelo Datafolha, a rejeição da maioria dos paulistanos a Bolsonaro reforçou a intenção da campanha de Nunes de evitar nacionalizar a disputa e tentar escapar da polarização: 63% não votariam num candidato indicado pelo ex-presidente (42% rejeitariam um apoiado por Lula).

O foco de Nunes será na gestão da cidade. O empate técnico entre o prefeito e Boulos foi comemorado não apenas pelo crescimento do emedebista, mas por indicar sua capacidade de caminhar sem fazer maiores concessões a Bolsonaro. O desafio de Nunes é ter o voto bolsonarista sem assumir o radicalismo que marca o ex-presidente.

Caminhos

A pesquisa aponta caminhos: 84% disseram que a eleição pode trazer melhorias para seus bairros; 56% afirmaram que o pleito será continuação do que escolheu o presidente. Para 81% e 71%, o prefeito precisa ter apoio do governador ou do presidente, respectivamente.

Monocráticas

Como dizia um velho jornalista: não será surpresa para esta coluna se, no comando da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC) botar pra andar o projeto que limita decisões monocráticas no Supremo Tribunal Federal.

Estrela solitária

A entrada do deputado federal Marcelo Queiroz (PP) na disputa pela Prefeitura do Rio tirou a certeza de que o eleito será um vascaíno — até então, todos os pré-candidatos, inclusive Eduardo Paes, eram torcedores cruzmaltinos. Queiroz é botafoguense.

Linhagem

O pré-candidato do PP tem motivos para se apegar à superstição que marca a torcida do Botafogo: dos últimos cinco prefeitos da cidade, três tinham o Glorioso no coração: Marcelo Crivella, Cesar Maia e Marcelo Alencar. Luiz Paulo Conde era tricolor.

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