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Correio Bastidores | Disputa por comissões dificulta trabalhos na Câmara

Sessão de ontem: deputados querem poder e verbas | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A briga da vez na Câmara dos Deputados está relacionada à formação e controle das diversas comissões da Casa. Uma disputa que envolve poder, como no caso da poderosa Comissão de Constituição e Justiça, e liberação de verbas de emendas.

Ao vetar a obrigatoriedade de pagamento de R$ 5,6 bilhões de emendas aprovadas por comissões, o presidente Lula (PT) provocou uma nova onda de conversas. O governo tenta evitar a derrubada do veto em troca do compromisso de liberar emendas de algumas comissões, como as de Saúde e de Infraestrutura.

O resultado, frisa o deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ), é que as vagas para 2024 nessas comissões passaram a ser mais disputadas. O puxa-estica se reflete no plenário, que ainda não engrenou neste ano.

 

Sem pressa

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) já defendeu a derrubada do veto de Lula, mas isso depende de a proposta ser colocada na pauta pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) — e ele não costuma ter a menor pressa para tomar decisões radicais.

Sem dinheiro

O governo também tenta impedir que representantes do PL de Jair Bolsonaro conquiste a presidência dessas comissões mais privilegiadas. Em ano de eleições municipais, não quer botar dinheiro para obras nas mãos de seus principais adversários políticos.

Disputas por cargos abrem racha no PL

Caroline de Toni quer a presidência da CCJ | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

E há também as brigas internas nas bancadas. A ala bolsonarista do PL quer emplacar a radical Carolina de Toni (SC) no comando na CCJ. A proposta é rejeitada pelo grupo mais pragmático que, fiel às origens do partido, está sempre aberto para conversas com o governo.

O último diz-que-me-diz na Câmara dá conta de que a indicação da deputada para a presidência da mais importante das comissões seria trocada pela nomeação de um aliado para uma vice-presidência da Casa.

A briga entre o PL bolsonarista e o PL raiz respinga no líder do partido, Altineu Cortês, tido como moderado em excesso pelos radicais. Ex-petista, ele não assinou o pedido de impeachment de Lula.

Gaveta

Por falar no impeachment: quem conhece Lira garante que o pedido vai parar na gaveta onde ficaram acumulados os documentos que pediam o despejo de Bolsonaro do Planalto. o presidente da Câmara vai manter a mesma postura que adotou no governo passado.

Destino

Lira também costuma ressaltar o destino dos antecessores que iniciaram processos de impeachment de Fernando Collor e Dilma Rousseff: Ibsen Pinheiro e Eduardo Cunha tiveram seus mandatos cassados. Pinheiro até voltou à Câmara, mas nunca recuperou poder.

Infantaria

Em tese que apresentou à Universidade de São Paulo na busca por vaga de professor titular, o ministro Alexandre de Moraes bateu firme no que classificou de "novo populismo digital extremista". Para ele, as milícias digitais formam uma "infantaria virtual antidemocrática".

Regulamenta

Ele defende a regulamentação das redes sociais e a responsabilização dos provedores. Ressalta que, ao direcionar mensagens, inclusive fake news, para reforçar posições políticas, as redes reforçam o ódio. Para Moraes, o que não vale no mundo real não pode valer no virtual.

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