Por: POR FERNANDO MOLICA

Correio Bastidores | Divergências expõem crise de identidade no PL

Poder de Bolsonaro é questionado no partido | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O PL vive uma crise de identidade gerada pelo aprofundamento das divergências entre sua ala mais moderada e a ligada a Jair Bolsonaro. Desde que elogiou Lula, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, enfrenta questionamentos do grupo mais radical, que duvida de sua fidelidade ao bolsonarismo.

Ele chegou a levar uma estocada do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Irritado pelas críticas de Costa Neto em relação à sua eventual passividade em ações policiais contra parlamentares, Pacheco, sem citar o oponente, citou líderes que não conseguem organizar a oposição e que apenas fingem lutar por impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal para "iludir" adeptos.

 

Pé na porta

A outra ala não gostou da decisão do vereador Carlos Bolsonaro de ir para o PL (é do Republicanos) e assumir a presidência de seu diretório carioca. A demonstração de poder não foi bem digerida: "O (Jair) Bolsonaro não faz política, vai com o pé na porta", diz um parlamentar.

Ramagem

Outro motivo de desgaste foi o papel de Carlos na indicação do deputado Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio. A escolha ocorreu depois de notícias sobre seu suposto envolvimento em espionagem ilegal. A candidatura subiu no telhado depois dos fatos da semana passada.

Valdemar Costa Neto procura manter partido sob controle

Presidente do PL disse confiar nas urnas eletrônicas | Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Costa Neto tenta se equilibrar: aumenta suas críticas ao Supremo Tribunal Federal, mas faz vista grossa à entrega, pelo Planato, de cargos para indicados por parlamentares do PL, estes, fiéis ao governismo que caracteriza a legenda.

Ele não quer abrir mão do controle do partido, o que inclui o apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo. Mas quer os votos bolsonaristas que fizeram o PL eleger 99 deputados federais e ter, consequentemente, a maior fatia dos fundos partidário e eleitoral.

A tarefa não é fácil: o radicalismo bolsonarista deverá fazer o partido perder, no Rio, um deputado federal e um prefeito.

Psol-RJ quer Lula

Pré-candidato a prefeito do Rio, o deputado Tarcísio Motta (Psol) quer ter Lula em seu palanque — isto, apesar de o presidente ter se comprometido com a reeleição de Eduardo Paes (PSD). Ressalta que não seria novidade o PT apoiar diferentes candidatos a cargo executivo.

Liberdade

Além do respaldo do presidente, Motta quer que parlamentares e militantes do PT, PCdoB e PV possam apoiar abertamente sua candidatura, sem riscos de punição. A federação formada pelos três partidos deve se coligar com Paes. "Sou da base do Lula", frisa.

Olho em 2026

Na avaliação de Motta, sua ida para o segundo turno contra, provavelmente, Paes representaria uma derrota importante do bolsonarismo, o que facilitaria a vida de Lula no Rio em 2026. Ele conta também com o enfraquecimento de Ramagem, alvo da PF, da PGR e do STF.

A Martha do Rio

O deputado afirma que gostaria de ter um pedetista como vice: admite que a deputada estadual Martha Rocha seria uma boa opção. Ela é pré-candidata à prefeitura, mas não descarta uma composição com o Psol. As conversas serão retomadas depois do Carnaval.