A criação, na última hora, de um fundo de desenvolvimento que beneficia cinco dos sete estados do Norte foi decisiva para a aprovação da reforma tributária no Senado. Dos 21 senadores da região, 16 (76%) votaram a favor da Proposta de Emenda Constitucional que muda a cobrança de impostos no país.

O percentual foi praticamente o mesmo que o obtido no Nordeste: dos 27 senadores dos nove estados, 21 disseram sim, 77,7%. Somados, NO e NE têm 16 dos 26 estados.

No Centro Oeste houve empate: seis foram contra e outros seis a favor. No Sul e no Sudeste, a votação refletiu a derrota de Lula nas duas regiões na eleição do ano passado. Nelas, a proposta obteve apoio de apenas 33% dos senadores.

A proposta do fundo foi articulada pelo relator da PEC no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Até então, estados da região reclamavam de um suposto favorecimento ao Amazonas, que manteve incentivos à Zona Franca de Manaus.

A entrada em campo de Alcolumbre — que quer voltar à Presidência do Senado — foi fundamental para que a proposta fosse aprovada. Ele também prometeu ainda mais recursos de emendas para a Comissão de Desenvolvimento Regional, a mais rica do Senado.

Líder da Oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) se empenhou muito para tentar derrotar o governo. Na terça, promoveu café da manhã e jantar com senadores oposicionistas — até o ex-presidente Jair Bolsonaro apareceu para o encontro noturno, no prédio onde fica a sede do PL.

Mas desde o início do dia que Marinho desconfiava que tanta mobilização poderia não dar certo. O sinal mais evidente da derrota do governo foi quando o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), ficou mudo durante todo o café da manhã. Ele, que no dia seguinte votaria a favor da PEC, tem sido bastante crítico ao governo do presidente Lula.

O Superior Tribunal Militar condenou, por unanimidade, o coronel da reserva do Exército Francisco José Madeiro Monteiro por recebimento de propina entre 2008 e 2021, quando era diretor do Hospital Militar de Área do Recife. Segundo o STM, ele comandou o esquema.

Segundo o STM, o mecanismo de corrupção envolveu o depósito, na conta de um civil, de cerca de 10% dos R$ 3,740 milhões pagos pelo hospital para a empresa Sequipe (Serviço Quimioterápico de Pernambuco). O dinheiro era repassado para Monteiro e outros cúmplices.

O agora ex-coronel foi declarado indigno para o oficialato, o que gerou a perda de sua patente. Ele já havia sido condenado também à pena de seis anos e 11 meses de reclusão pelo Conselho Especial de Justiça da 7ª Circunscrição Judiciária Militar.

Em seu voto, o ministro revisor do processo, Artur Vidigal de Oliveira, frisou que o ex-coronel "quebrou a confiança que lhe

foi atribuída", "além de golpear a credibilidade depositada no Exército". Disse que ele deixou também de medir as consequências de sua atitude.