Os pequenos empresários do turismo estão sendo massacrados pelos bancos
Por Cláudio Magnavita*
Os empresários ligados ao turismo, principalmente do ramo de restaurantes, agências de viagens e hotelaria, estão sendo discriminados na tentativa de buscar um socorro financeiro na rede bancária. São tratados como verdadeiros leprosos e passaram a ser considerados pelo sistema financeiro como um grupo de altíssimo risco.
Todos sabem que a pandemia pegou em cheio este segmento. Foi o primeiro a sentir na pele o efeito de cancelamentos, suspensão de voos, restaurantes e hotéis fechados. Enfim, o colapso está formado de forma planetária.
No Brasil, o sistema financeiro está sendo a pá de cal deste segmento. A morosidade para operações, gerentes que somem e não atendem mais, exigências absurdas de garantias e uma gincana para quem precisa operar para a própria folha.
Sem ajuda dos bancos oficiais e uma pressão da área econômica, o setor vai colapsar em retorno.
O perfil do pequeno e médio empresário do turismo é de quase nenhum capital de giro. A dependência da receita do dia a dia é imperiosa.
Sem receita, sem caixa, sem o faturamento corrente, é impossível pagar salários, tributos e fornecedores.
É preciso que algo de concreto seja feito para oxigenar o pequeno empresário imediatamente. Para o turismo, já são dois meses de faturamento zero.
Os grandes bancos estão superconfortáveis. Serão os que mais lucrarão com a pandemia. Por que correr perigo financiando segmentos de alto risco se, a curto prazo, encherão as burras de dinheiro?. Com o atual déficit orçamentário passando de R$ 200 bilhões, com uma dívida pública que triplicou em dois anos, sabem quem irá financiar essas contas públicas no vermelho? Os bancos.
A dívida pública brasileira deverá crescer em R$ 1 trilhão nos próximos 12 meses. Sabem o quanto os banqueiros ganham sem fazer nada, só emprestando para o Governo?
A doação de R$ 1 bilhão realizada pelo Itaú é uma gota de água neste mar vermelho da dívida pública.
A função do sistema financeiro de apoiar o pequeno empresário a manter o seu negócio vivo é igual a mosquito azucrinando uma pessoa deitada na varanda numa rede ao por do sol. O pequeno empresário é um chato, um mosquito que incomoda e que nunca deveria existir.
Já o grande empresário que apostou na construção de hotéis para o período da Copa e dos Jogos Olímpicos, hoje encontra um BNDES ou uma Caixa Econômica praticando taxas de mercado. Só a medida nesses índices deixaria mais palatável à travessia da crise.
A estimativa é que ninguém retorne da crise com o tamanho igual ao que possuía. Os grandes retornarão com 40 a 50% da antiga musculatura, já os pequenos serão exterminados. Padeceram pelos mecanismos ilusórios que foram criados e que serão incapazes de preservar emprego.
O que o pequeno e médio empresário precisa é de dinheiro no caixa, e imediatamente, para pagar a folha. Este apoio tem que ser efetivo, e não apenas afetivo.
*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã e membro do Conselho Nacional de Turismo