Correio da Manhã
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O puxão de orelha de ACM Neto no trio Mandetta, Maia e Alcolumbre

Por Cláudio Magnavita*

Muito mais do que o nome, o presidente do Democrata e prefeito de Salvador, ACM Neto herdou do avô, Antonio Carlos Magalhães, uma faro político dos mais apurados.

Do tio  - deputado federal, Luiz Eduardo herdou pouca coisa. Dudu era cordial, tolerante e habilidoso. Se a vida não fosse ceifada tão precocemente, de forma até hoje não explicada, teria chegado a residir no Alvorada.

Já Neto é a reencarnação do político do estilo direto do velho cacique baiano. Toninho Ternura, para uns; e Toninho Malvadeza, para muitos.

A decisão do alcaide soteropolitano de colocar ordem na legenda que preside, colocando freios em três estrelas do seu partido, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Luiz Henrique Mandetta foi uma atitude típica do velho ACM. O faro político herdado funcionou. Sentiu que o trio esticou demais o elástico.

Resolveu colocar ordem na casa, principalmente porque Maia, como presidente da Câmara, e Alcolumbre como presidente do Senado, não fizeram ainda o dever de casa. Não cortaram na carne. Não propuseram reduzir a remuneração dos parlamentares, dos cargos comissionados das duas casas, não pediram reembolso das cotas de passagens que não estão sendo usadas em uma época de reuniões virtuais, ou seja, muito cobram e nada fazem.

Um servidor do legislativo ganha pelo menos duas vezes a remuneração do executivo e, em alguns casos, até três.

Neste período de contingência, o fim das mordomias e benesses das duas casas já deveriam ter sido exemplarmente cortadas.

Já Mandetta colocou no seu colo compras emergenciais realizadas com total liberdade e que não estão materializando. Se houver um desastre nestas entregas eventualmente fantasmas, o fracasso será só dele.
Além de cortar as asas do seu trio partidário, ACM Neto percebeu que não se coloca nas cordas um líder que, além de ter legitimidade nas urnas, possui o comando do TTC...

Quem tem estas ferramentas não deve ser acuado em um jogo de sonsos, praticado pelos três. Para alguns em Brasília, TTC é sinônimo de Tropa, Tanque e Canhão.

O velho cacique ACM soube lidar com a cultura do TTC. Foi prefeito biônico de Salvador, indicado pelos generais a contragosto do governador e acadêmico Luiz Viana Filho, e depois governador eleito, pulou fora do encouraçado dos militares, peitando o brigadeiro Délio Jardim de Mattos. Na virada trancredista, virou ministro das Comunicações e mais tarde presidente do Senado. Um malabarismo político que passou para a terceira geração.

O vínculo partidário que une Mandetta, Maia e Alcolumbre não deve ser desprezado. Os três estavam agindo como uma alcateia que silenciosamente tentava encurralar a sua presa.

Ao fazer valer o seu mandato de presidente do Democrata, ACM Neto presta um serviço à nação. Desnuda estes três lobos em pele de raposa e pede parcimônia. Esses três são atores de palcos secundários, como Amapá e Mato Grosso do Sul, ou ainda um do Rio, que só caiu na ribalta após a imolação de Eduardo Cunha. Pensavam que tudo podiam e que eram as estrelas de um show, só que em um teatro fechado pela pandemia.

A conversa vazada de Osmar Terra e Ônix Lorezoni foi a sútil brisa que levou ACM Neto a reconhecer, pelo seu raro faro político, que já era hora de enquadrar os seus três humoristas.
Finalmente um apelo a Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre: corte na carne! Ao invés de defender a manutenção do fundo partidário, reduza os salários da Câmara e do Senado. Contribuam na solução da grave crise que atravessamos é só depois queiram posar de vestal da moralidade. Escutem ACM Neto, este rapaz tem um DNA que será muito útil aos dias de hoje.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

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