BRASILIANAS | Arruda se filia ao PSD e agita a disputa ao GDF

Ex-governador do DF aposta na elegibilidade e provoca racha interno no partido às vésperas da corrida de 2026

Por William França

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e Arruda

Ex-governador do DF aposta na elegibilidade e provoca racha interno no partido às vésperas da corrida de 2026

José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, oficializou na noite de segunda-feira (15.12) sua filiação ao PSD, em evento com grande presença de público realizado no Centro de Convenções Ulysses.

A cerimônia, marcada também pela presença de lideranças nacionais como Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda, e parlamentares aliados, simbolizou a tentativa de retorno de Arruda ao cenário político local, após anos de afastamento em razão de condenações judiciais e desgastes públicos.

No discurso de filiação ao PSD, José Roberto Arruda buscou se apresentar como alternativa de gestão para o Distrito Federal, mesclando críticas à atual administração com propostas de retomada de políticas estruturantes. Ele afirmou que, após recuperar a elegibilidade, percorreu cidades da capital e percebeu, segundo sua leitura, um desejo popular pela volta de gestões anteriores.

No discurso, Arruda buscou se apresentar como alternativa de gestão para o DF, mesclando críticas à atual administração com propostas de retomada de políticas estruturantes. Ele afirmou que, após recuperar a elegibilidade, percorreu cidades da capital e percebeu, segundo sua leitura, um desejo popular pela volta de gestões anteriores.

Arruda insistiu na necessidade de “resgatar Brasília” e recolocar a cidade como referência nacional em qualidade de vida. Para isso, defendeu investimentos em segurança, saúde pública digna e educação exemplar, além de obras estruturantes como a ampliação do metrô em cinco novas linhas. Em tom de promessa, falou em promover um “choque de gestão” na saúde e criticou as obras viárias em andamento, que classificou como mal planejadas.

Ao tratar de alianças políticas, o ex-governador destacou que mantém diálogo com lideranças de diferentes partidos “sem radicalismo ideológico”, sinalizando disposição para composições amplas. “Até março muita água vai passar por baixo da ponte”, disse, reforçando que o objetivo comum é devolver a Brasília o status de capital respeitada pelo país.

Arruda também evocou o legado de Juscelino Kubitschek, lembrando que Brasília não foi concebida apenas para ser “bonitinha”, mas para servir de modelo de convivência urbana. Com esse discurso, procurou conectar sua imagem à ideia de planejamento e resgate histórico, ao mesmo tempo em que se posicionou como crítico da atual gestão e defensor de uma nova etapa de desenvolvimento para o Distrito Federal.

Com a filiação, Arruda volta a ser protagonista de uma disputa que promete ser acirrada em 2026. Sua presença no PSD não apenas desafia a hegemonia de Ibaneis Rocha e Celina Leão, como também recoloca em pauta o debate sobre memória política, perdão eleitoral e a capacidade de antigos líderes de se reinventarem diante de um eleitorado cada vez mais exigente.

Trajetória política

Arruda iniciou sua trajetória política nos anos 1990, eleito senador pelo PSDB em 1994. Sua carreira sofreu um duro golpe em 2001, quando renunciou ao mandato após o escândalo da violação do painel eletrônico do Senado. Pouco tempo depois, migrou para o PFL (atual DEM), pelo qual foi eleito deputado federal em 2002 e, em seguida, governador do Distrito Federal em 2006.

O auge de sua gestão foi interrompido em 2009, com a deflagração da operação Caixa de Pandora, que revelou um esquema de corrupção envolvendo propinas e contratos públicos. Preso em 2010, Arruda renunciou ao cargo e passou a enfrentar uma série de processos que o tornaram inelegível por anos.
Mesmo assim, o ex-governador nunca abandonou a política. Em 2014, tentou voltar pelo PR, mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa. Em 2022, ensaiou aproximação com o PL, sem sucesso.

Agora, ao ingressar no PSD, Arruda afirma que sua inelegibilidade expirou em 2022 ou, no máximo, irá expirar em julho de 2026, um mês antes do prazo final de registro das candidaturas.