BRASILIANAS | Lobo-guará retorna ao Cerrado após tratamento contra doença bacteriana

Resgatada em Luziânia, fêmea passou por cuidados intensivos no Hospital da Fauna Silvestre do DF e será monitorada por GPS para garantir adaptação ao habitat natural

Por William França

Para acompanhar a adaptação, a fêmea recebeu um colar GPS programado para se desprender em seis meses

Resgatada em Luziânia, fêmea passou por cuidados intensivos no Hospital da Fauna Silvestre do DF

Ela será monitorada por GPS para garantir adaptação ao habitat natural

A soltura de uma lobo-guará fêmea na Área de Proteção Ambiental (APA) Cafuringa, em Brazlândia, marca mais um avanço na conservação da fauna do Cerrado. O animal, resgatado em Luziânia (GO) com sinais de apatia e fraqueza, passou por um mês de cuidados intensivos no Hospital da Fauna Silvestre do Distrito Federal (Hfaus), vinculado ao Instituto Brasília Ambiental.

O caso ilustra a importância da estrutura pública para recuperação de espécies ameaçadas. Exames clínicos detalhados — incluindo análises de sangue e fezes, ultrassom, raio-x e testes para doenças infectocontagiosas — revelaram erliquiose, uma hemoparasitose causada por bactérias que atacam células sanguíneas. Essa enfermidade, comum em animais silvestres e domésticos, compromete a locomoção e pode levar à morte se não tratada.

Segundo o coordenador do Hfaus, o biólogo Thiago Marques de Lima, os procedimentos começaram imediatamente após o diagnóstico, com medicação, plano alimentar prescrito por especialista e acompanhamento diário. "É uma dieta feita para atender tudo o que a fêmea necessita de vitamina, proteína, fibra e tudo mais. Monitoramos diariamente para saber se ela estava se alimentando corretamente", esclareceu.

A fêmea respondeu rápido ao tratamento e, em um mês, foi liberada para soltura em área preservada. "Fazemos análises de sangue e fezes periodicamente. Quando todos os parâmetros se estabilizam e o comportamento retorna ao padrão natural, já que é um animal que tem comportamento mais arredio e agressivo, podemos afirmar com certeza que está pronto para voltar para a natureza", observou o coordenador.

 

Mateus H Souza/Agência Brasília - Após alta, o animal foi encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-DF), do Ibama, que definiu local e data da soltura

Monitoramento programado

Após alta, o animal foi encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-DF), do Ibama, que definiu local e data da soltura.

Para acompanhar a adaptação, a fêmea recebeu um colar GPS programado para se desprender em seis meses. O monitoramento, complementado por armadilhas fotográficas, fornecerá dados sobre deslocamento, predação e interação com o ambiente.

O chefe do Cetas-DF, Júlio César Montanha, destaca que o acompanhamento é essencial para a conservação do Cerrado. "O lobo-guará exerce papel ecológico estratégico no controle populacional de outras espécies. Garantir sua saúde é preservar o equilíbrio do bioma", afirmou.

Mateus H Souza/Agência Brasília - A fêmea respondeu rápido ao tratamento e, em um mês, foi liberada para soltura em área preservada