Por: William França

BRASILIANAS | Para mudar percepção da população, GDF decide usar estações do metrô como unidades de saúde

Uma das unidades da farmácia de alto custo funciona na Estação da 102 Sul, do Metrô-DF | Foto: Reprodução/TV Globo

Pesquisas, como as do Observa-DF, da UnB, indicam que a saúde pública é (disparado) o maior problema da população do DF

Com as eleições de 2026 batendo à porta, o GDF anunciou na semana passada que pretende usar pontos comerciais desocupados de pelo menos cinco estações de Metrô-DF para transformá-las em unidades de saúde. Pesquisas de opinião, como as realizadas pelo Observa-DF, rede de pesquisa com foco no Distrito Federal coordenado pela Universidade de Brasília (UnB), indicam que a saúde pública é, disparado, o maior problema enfrentado hoje pelos brasilienses.

A última pesquisa do Observa-DF, de abril deste ano, indicou que a saúde pública foi o problema mais citado por 49,2% da população do DF. Em segundo lugar aparece segurança pública (com 17,4%) e em terceiro educação, com distantes 6%. Segundo o relatório da pesquisa, ela "confirmou uma preocupação persistente: a saúde segue como o principal problema para cerca de metade da população e é a área mais mal avaliada do governo, sem sinais de melhora."

Na tentativa de reverter este quadro, na semana passada o governador Ibaneis Rocha (MDB) - tendo ao lado a vice-governadora Celina Leão (PP) - fez o anúncio de que pretende transformar as áreas comerciais do Metrô-DF (que em boa parte seguem ociosas, desde que foram construídas) em unidades de saúde, para oferecer serviços como fisioterapia, odontologia e atendimento à comunidade.

Segundo o GDF, essa iniciativa é parte de uma estratégia para levar saúde mais perto da população, aproveitando a estrutura do metrô como ponto de acesso rápido e democrático.

"Todas receberão unidades de saúde, com serviços de fisioterapia, odontologia e atendimento comunitário, em especial para pessoas com deficiência, aproveitando a facilidade de acesso proporcionada pelo transporte metroviário. A expectativa é que, no futuro, esse projeto seja ampliado para outras estações em construção, levando saúde cada vez mais perto da população", afirmou o governador, quando do anúncio.

Uso das estações: como é e como será

Atualmente, a estação da 102 Sul tem uma unidade do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) e funciona ainda uma unidade da Farmácia de Alto Custo do DF. Na estação da 112 Sul funciona a Central de Atendimento à Pessoa com Deficiência (CadPCD) e a Central de Intermediação em Libras, ambas ligadas à Secretaria da Pessoa com Deficiência. Na estação da 114 Sul funcionam um escritório regional da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) e um atendimento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) para solicitação e acesso a órteses e próteses ambulatoriais.

Pelos planos do GDF, na estação da 106 sul, está sendo previsto uma unidade de atendimento primário e de reabilitação funcional. Na estação da 108 Sul estão previstos atendimento comunitário, fisioterapia e odontologia. Na 110 Sul, está sendo previsto um megacentro de saúde bucal. Na estação da 114 Sul, um centro de reabilitação avançado (com fisioterapia, nutrição e cardiologia). E na estação ParkShopping, atendimento comunitário, fisioterapia e odontologia.

Segundo dados do Metrô-DF, repassados ontem à "Brasilianas", as estações da Asa Sul recebem hoje cerca de 3 mil passageiros por dia e, na do ParkShopping, o número salta para 10 mil usuários.

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Ibaneis Rocha, quando do anúncio da utilização das estações do Metrô-DF como unidades de saúde, semana passada | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Remanejamento

Segundo Ibaneis Rocha, o projeto de adaptação das estações está avançado: a estação 108 já concluída e a 110 em fase adiantada, com previsão de inauguração até o final do ano. O secretário de Saúde, Juracy Lacerda, afirmou que as licitações estão sendo agilizadas para reduzir o tempo entre projeto e execução, garantindo a modernização das unidades de saúde de forma rápida e eficiente.

O secretário de Saúde disse ainda que, para viabilizar as unidades médicas nas estações de metrô, a pasta promove a descentralização de profissionais. "Estamos remanejando equipes e ajustando a alocação de pessoal para garantir que os profissionais atendam nessas novas unidades, sem comprometer o funcionamento das demais unidades de saúde da rede", afirmou.