BRASILIANAS | 'Carcaças semafóricas' darão lugar a um sistema superinteligente
Serão investidos R$ 200 milhões e a expectativa é que todos os semáforos do DF sejam trocados em até 30 meses
Serão investidos R$ 200 milhões e a expectativa é que todos os semáforos do DF sejam trocados em até 30 meses
EXCLUSIVO - Em junho, vencem os atuais contratos das empresas que fazem a gestão dos 2.555 semáforos espalhados em todo o DF. E também outro contrato, que administra os 925 pardais. Nenhum deles será renovado.
"Hoje, o que temos são carcaças nas ruas", afirma (sem muito filtro) o diretor-geral do Detran-DF. Ele admite que será necessário "trocar tudo" e conta que sofreu resistências (sem revelar de quem) para levar adiante essa decisão. "Mas não tenho medo de embate."
O Detran-DF já está com o termo de referência concluído e aguarda agora uma revisão das regras pelo Tribunal de Contas do DF, para anunciar (dentro de 40 dias) a licitação nacional que pretende trocar todo o parque semafórico do DF. Serão dois lotes (um para os pardais, outro para os semáforos), que poderão ser disputados por empresas ou consórcios.
Estimativa para esse investimento: R$ 200 milhões (cerca de 83,5% do total arrecadado com multas de trânsito, ano passado). Tempo para toda a troca: cerca de 30 meses (dentro do atual mandato de Ibaneis Rocha).
"Além da reposição, vamos prever um crescimento vegetativo da cidade. Ela está em franca expansão e temos de nos preparar para ajustar o trânsito em todos os lugares", afirmou.
Takane foi aos Estados Unidos para conhecer, de perto, alguns dos sistemas de cidades inteligentes que usam semáforos integrados com Inteligência Artificial (IA). O que ele pretende instalar no DF são os de uma nova categoria, classificada como "superinteligentes".
Semáforos interligados com veículos
Afinal, o que é esse novo sistema de semáforos? Eles utilizam sensores e algoritmos para detectar o fluxo de veículos em tempo real e ajustar os tempos de sinalização de acordo com as condições de tráfego (como os já chamados inteligentes, instalados em várias cidades brasileiras), mas incluem uma variedade de sensores, como câmeras de vídeo, laços indutivos no pavimento, radares e até mesmo tecnologia de comunicação veicular.
Takane exemplifica: se uma ambulância dos Bombeiros ou do Samu estiver em atendimento, a cerca de 800 metros de um semáforo, um sensor de IoT (internet das coisas) instalado nessa ambulância emite um sinal - que é captado pelo semáforo - e que pode decidir mantê-lo mais tempo aberto (se estiver verde) ou até fechar uma transversal para que a ambulância possa passar, sem retenção.
"Precisamos ajustar Brasília para a modernidade que ela merece", conclui o diretor-geral do Detran. Estudos indicam que semáforos inteligentes podem diminuir 20% do gasto de combustível.
"Brasilianas" espera que essa licitação dê certo, bem como a implantação deste novo parque semafórico. Afinal, o atual sistema é dos anos 1980. E, como foi dito ao diretor-geral, a coluna segue aberta para publicar os dados (e os gastos) do órgão que mais arrecada no DF. Se não há "caixa-preta", que a transparência seja prevalente - e que toda a cidade ganhe com isso.
Um pouco de história
O primeiro semáforo do mundo foi lançado em 1868 na frente do Palácio de Westminster em Londres, oferecendo uma solução pioneira para o crescente problema dos congestionamentos criados pelos cavalos e carruagens. Operado manualmente -respondendo ao galopar dos veículos -, o dispositivo a gás foi considerado um sucesso até explodir um mês depois.
Felizmente, a ideia iluminadora não foi abandonada. Lester Wire, um policial de Salt Lake City, introduziu uma luz elétrica que alternava entre vermelho e verde em 1912. Algum tempo depois, percebendo seu potencial, a empresa de semáforos Acme introduziu uma versão mais avançada.