BRASILIANAS | Samambaia, 35 anos: em expansão e verticalizando
RA criada em 1989 já é a segunda maior do DF e está em franca expansão – vertical e horizontal. Terá mais 2 estações de metrô e hoje tem o 3º maior valor por metro quadrado no DF, fora do Plano Piloto
RA criada em 1989 já é a segunda maior do DF e está em franca expansão – vertical e horizontal. Terá mais 2 estações de metrô e hoje tem o 3º maior valor por metro quadrado no DF, fora do Plano Piloto
Samambaia completou 35 anos na última sexta-feira (dia 25). Embora inicialmente referenciada como o maior dos assentamentos urbanos feitos pelo ex-governador Joaquim Roriz (falecido em 2018), quando de sua (controversa) política de distribuição de lotes e retirada de invasões do DF, Samambaia está virando o jogo.
Hoje, além de ser a segunda maior Região Administrativa do DF, com mais de 240 mil habitantes (só perde para Ceilândia, com 287 mil), Samambaia é a "queridinha da vez" do mercado imobiliário. Está em franca expansão vertical - e horizontal - e já ocupa o terceiro lugar no valor do metro quadrado construído em imóveis novos, fora do Plano Piloto.
"Samambaia tem o que de melhor uma cidade pode ter", disse à "Brasilianas" o vice-presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (ADEMI-DF), Pedro Ávila. "Tem boas avenidas e boa infraestrutura, adequada para sua expansão", afirmou.
Samambaia tem uma localização estratégica, com facilidade de locomoção especialmente pelo transporte público, uma vez que tem ligação com outras regiões administrativas importantes, como Ceilândia, Taguatinga e Águas Claras - melhorada com o Túnel Rei Pelé.
Outro exemplo do seu bom sistema viário: além de uma malha cicloviária importante (que corta toda a cidade), Samambaia não tem semáforos. Os pedestres cruzam por faixas de pedestre e as vias são interligadas por rotatórias. Além disso, tem uma linha de metrô com três estações que corta (hoje) a metade da cidade, e chegará à outra metade em quatro anos (detalhes adiante).
Samambaia exibe alguns outros grandes números. É a cidade que, quando fez 10 anos de idade, já tinha 100% de sua rede de água e de esgoto implantados. Hoje tem hospital, universidade, e um comércio intenso e variado. Numa das vias, por exemplo, existem próximas 14 farmácias distintas, concorrentes entre si - muito mais empresas do que na famosa Rua das Farmácias, na 102 Sul (ao lado do Hospital de Base).
Preço dos imóveis em alta
Segundo Pedro Ávila, Samambaia ocupa a terceira colocação quanto ao valor médio de um imóvel novo, por metro quadrado, quando analisado dados fora do Plano Piloto: lá é R$ 7.500. Maior do que Samambaia está apenas Águas Claras (R$ 10.300) e Guará (R$ 12.300).
[A título de curiosidade: o metro quadrado mais valorizado no DF continua sendo o da Asa Sul (R$ 25 mil), seguido pelo Sudoeste (R$ 19.700) e pelo Noroeste (R$ 17.300). A Asa Norte vale R$ 16.100 o metro quadrado, em média)]
Para dar uma dimensão da expressividade de Samambaia, nos seus 102 km² de área (tem aproximadamente 16 km de extensão por 8 km de largura, em média) hoje reside uma população maior do que qualquer município goiano do Entorno do DF. Vale lembrar que Águas Lindas de Goiás tem 225 mil habitantes e Luziânia outros 208 mil habitantes.
"Samambaia é a nova Águas Claras", disse Diego Henrique Gama, diretor-secretário do Conselho Regional de Corretores Imobiliários (Creci-DF), em entrevista recente à TV Globo. Ele exibiu números: hoje, a Região Administrativa tem 1.800 imóveis ofertados no mercado imobiliário, sendo que 58% deles são novos apartamentos.
Perfil da população mudou
Segundo dados econômicos do IBGE, Samambaia é formada, em sua maioria, pela chamada "classe média média". Muitas das residências originais da cidade, quando assentamento, hoje são ocupadas pela segunda geração dos fundadores.
Muitas das casas simples (várias construídas pela antiga SHIS, de moradias populares padronizadas, financiadas pelo extinto BNH), hoje são pequenos prédios residenciais - o gabarito da cidade permite a construção de até 4 pavimentos.
Com isso, mudou o perfil da cidade. Em vez de assentados - normalmente migrantes, com baixa renda e sem emprego -, hoje é formada por funcionários públicos, pequenos comerciantes e moradores de outros Estados que decidem morar no DF. Também há uma nítida presença de novos casais, recém-casados ou com poucos filhos.
Os imóveis mais baratos partem de R$ 70 mil, podendo chegar a mais de R$ 2 milhões. Vários com alto padrão de acabamento. "Quem for comprar, está fazendo um investimento a médio prazo. Muitas obras significativas estão sendo feitas aqui", completou.
Dessas obras, a expansão da linha 1 do Metrô é a mais expressiva, com investimentos de quase R$ 320 milhões. A linha será ampliada em 3,6 km, a partir do atual Terminal Samambaia. No trajeto, serão construídas duas estações nas proximidades da unidade de pronto atendimento (UPA) e do Centro Olímpico.
Expansão horizontal inclui shopping
Samambaia é dividida em Norte e Sul - com a linha do metrô no meio. Duas avenidas em cada lado fazem a divisão das quadras tal como no Plano Piloto, com quadras 100, 300 e 500 de um lado e 200, 400, 600, 800 e 1000 de outro, de 1 a 22. Tal como no projeto de Lúcio Costa, cada quadra possui áreas verdes, equipamentos públicos e comércio, além de ser "fechada", com poucas entradas.
Junto ao cruzamento da Avenida Central (onde hoje é o final da linha do metrô), a Paulo Octávio Shoppings tem reservado um terreno gigantesco, onde se prepara para construir lá um grande complexo comercial e residencial. Espera-se apenas que as obras do metrô avancem.
Como as projeções (terrenos) não têm limitação de finalidades, é possível que lá sejam lançados outros empreendimentos com o conceito "clube de vizinhança". "O empreendedor entende o futuro e vai valorizando a região, como um vetor para sua valorização. "Samambaia é uma cidade muito interessante para isso", afirmou Diego Gama, do Creci-DF.
O presidente da Ademi-DF, Roberto Botelho, afirmou que Samambaia é uma região com grande potencial de expansão e onde ainda existem lotes regulares para incorporação. "Isso dinamiza o setor e estimula o investimento, especialmente das empresas que atuam na legalidade", comentou.
