BRASILIANAS | Este GDF que fez... e foi a Caesb quem quebrou!
Trocadilho feito por "Brasilianas" a partir do slogan do GDF como tocador de obras destaca a Caesb como a recordista em queixas feitas na Ouvidoria por destruir as obras do próprio governo. E pior: depois, por deixá-las abandonadas
Trocadilho feito por "Brasilianas" a partir do slogan do GDF como tocador de obras destaca a Caesb como a recordista em queixas feitas na Ouvidoria por destruir as obras do próprio governo. E o pior: depois, por deixá-las abandonadas
O Governo do Distrito Federal está fazendo uma ampla campanha publicitária, numa prestação de contas das centenas de obras que está fazendo por todo o DF. Afinal, é preciso lembrar o que o governador Ibaneis Rocha (MDB) está trabalhando. O slogan da campanha é "Este GDF que fez".
São elencadas algumas das obras mais vistosas: Túnel Rei Pelé, viadutos no Sudoeste, Recanto das Emas e Sobradinho, obras no BRT Norte e Sudoeste, reabertura do Museu de Arte de Brasília e recuperação da sala Martins Pena do Teatro Nacional, sistema Drenar... e outras tantas.
As obras "menores" não estão na campanha publicitária, mas fazem parte da pauta quase que diária da Agência Brasília - o órgão de imprensa do GDF. Num rápido apanhado, entre as notícias mais recentes, é possível ver que foram R$ 2,6 milhões em calçadas no Núcleo Bandeirante, outros R$ 4 milhões em Ceilândia, R$ 26 milhões em Áreas de Desenvolvimento Econômico (ADE)s em 9 regiões administrativas... e por aí vai.
É nítido que há um esforço do governo em recuperar as calçadas da cidade. Ao longo dos anos, elas estiveram abandonadas "à própria sorte". Muitas arrebentadas por conta das raízes das árvores, outras por uso incorreto (carros e caminhões cruzando por cima de locais para pedestres) e problemas ligados à ação do tempo, como infiltrações ou desgaste de material. Mas, o que se vê em todo o DF, nos últimos meses, é uma cena inédita: é uma própria empresa do GDF quem está arrebentando tudo... e largando a bagunça toda para trás.
A vilã chama-se Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal, ou CAESB. Ela é uma Sociedade de Economia Mista, de capital fechado - ou seja, o "dono" é o próprio GDF. A empresa possui o monopólio da utilização e comercialização dos recursos hídricos da região do Distrito Federal, estabelecido num contrato de exclusividade, até 21 de maio de 2032.
Campeã no ranking de reclamações
No ranking atualizado de reclamações feitas este ano pela população, organizado pela Ouvidoria do GDF (Participa DF e telefone 162), as reclamações de buracos em vias ocupam o terceiro lugar no levantamento. Somam 7.385 queixas.
Desse total, 13% (ou 954 reclamações) estão no item "recomposição do asfalto ou calçada após obra da Caesb". Quando se coloca o nome "Caesb" no Painel da Ouvidoria, as queixas relativas aos buracos largados ou não recuperados é o item que mais tem chamados na Ouvidoria. Perde para as denúncias de vazamento de esgoto (841 casos) e de vazamento de água (643 registros).
E o índice de resolutividade - ou seja, de que o objeto da reclamação foi atendido, está apenas em 61%. Ou seja: apenas 6 de cada 10 queixas foram resolvidas. É um índice muito, muito baixo. Então, dá pra estimar que tem pela cidade mais ou menos 400 buracos não tampados, 400 asfaltos cortados e sem remendo, 400 calçadas quebradas ou 400 gramados destruídos - pela ação (ou inação) da Caesb.
Calçada quebrada não tinha 2 meses
Vamos para um único exemplo prático, dentre as centenas que estão registradas na Ouvidoria. Ontem, uma reportagem da TV Globo mostrou uma calçada novinha, recém feita, na QN 27 do Riacho Fundo II, que foi destruída há duas semanas por uma obra de manutenção de esgoto.
Além da calçada arrebentada, foram arrancados o meio-fio e a cobertura de grama. E o bueiro, recolocado, está com a tampa quebrada. Não vai durar muito. E agora está lá... O que foi calçada agora é uma obra largada, sujeita a se tornar uma erosão que vai arrancar até mesmo o asfalto, por conta das chuvas que se aproximam.
Essa calçada fez parte do investimento de R$ 1 milhão, obtidos a partir de uma emenda parlamentar do deputado distrital Hermeto (MDB). Ao todo, o Riacho Fundo recebeu 10 km de calçadas em diferentes pontos da cidade. As obras foram entregues em agosto passado. Ou seja: as calçadas não duraram nem dois meses sem serem quebradas. E, agora, estão abandonadas.
Segundo o administrador do Riacho Fundo, Anderson Junio Siqueira Braga, as reformas visam "o benefício dos mais de 44 mil habitantes" da Região Administrativa. E complementa: "São obras que vão mudar a rotina das pessoas", pontua. "Esta gestão do GDF vem trabalhando incansavelmente por nossa cidade e por todo o DF." Incansável, mesmo... É um faz-e-quebra incessante... A Caesb que o diga!
Sem licitação, não tem solução
A Caesb disse ontem a "Brasilianas", por meio de nota, que em julho deste ano lançou licitação para esses serviços de manutenção e de reparos das obras. "No entanto, o Tribunal de Contas do DF suspendeu o processo licitatório", complementa.
Segundo a companhia, "como é perfeitamente normal em licitações dessa envergadura, o TCDF requereu informações e esclarecimentos sobre determinados itens. À medida que a Corte requer esclarecimentos, a Caesb presta, com total transparência, as informações solicitadas. Trata-se, portanto, de um rito normal e rotineiro dentro de um processo licitatório."
E, enquanto isso não se resolve? A Caesb afirma que contratou emergencialmente empresas para execução de serviços de manutenção, mas que eles seguem "um cronograma mais restrito". Traduzindo para o leitor: estão em número insuficiente na capacidade de atendimento.
A empresa de saneamento disse que tudo vai ser normalizado "assim que a licitação em análise junto ao TCDF for concluída". Quando será isso? Ganha de prêmio uma oportunidade de tampar o buraco que lhe incomoda aquele que souber responder primeiro!
Enquanto isso, o GDF faz... e a Caesb quebra!... O GDF faz... e a Caesb quebra!...
