Grupo francês arremata em leião trecho que vai de Cristalina até Belo Horizonte. O trecho que liga Brasília à cidade goiana está com estudos atrasados e só deve ser leiloado em 2026
A empresa francesa Vinci Highways venceu o leilão rodoviário da Rota dos Cristais, trecho da BR-040 que conecta Belo Horizonte (MG) a Cristalina (GO), com quase 600 km de extensão e principal eixo logístico do agro goiano e mineiro.
Em toda a sua extensão, a BR-040 é a estrada que liga Brasília ao Rio de Janeiro, com 1.179 km. Na Rota dos Cristais, trafegam cerca de 70 mil veículos por dia, dos quais 68% são caminhões.
O leilão foi promovido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo Ministério dos Transportes e aconteceu na tarde da última quinta-feira, na sede da Bolsa de Valores (B3), em São Paulo. A sessão de leilão teve a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro dos Transportes, Renan Filho.
A companhia francesa apresentou um desconto de 14,32% no valor do pedágio. A empresa venceu a disputa contra três concorrentes: o Consórcio Nova BR-040, formado pela Opportunity e a 4UM Investimentos (que ofereceu 9,09% de dedução), o BTG Pactual (7,50%) e a CCR (1,75%).
O que aconteceu com a BR-040?
A concessão da Rota dos Cristais é o segundo passo no processo de relicitação da BR-040. A rodovia que liga Brasília ao Rio tinha duas concessionárias - uma delas devolveu a concessão e já deixou a gestão da concessão e a segunda está de saída, por isso a necessidade de relicitar toda a rodovia.
A Via040, empresa do grupo Invepar que operava 936,8 km de Brasília a Juiz de Fora, devolveu a concessão em agosto deste ano e o trecho passou a ser administrado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A devolução foi feita após a concessionária solicitar a extinção amigável do contrato, em 2017, de acordo com a lei 13.448/2017. A Via 040 não cumpriu com as obrigações de duplicar a rodovia, que era de cerca de 500 km, e apenas entregou 73 km.
Os outros 180,4 km da BR-040 (de Juiz de Fora ao Rio de Janeiro) são geridos pela Concer, empresa da Triunfo Participações, cujo contrato de 1996 se encerrou em 2021, mas a concessionária conseguiu na Justiça o direito de seguir na operação até o novo leilão.
Para que o leitor possa entender melhor o que está sendo feito: o governo federal redividiu os antigos dois blocos da rodovia em quatro: Trecho 1) Rio/Juiz de Fora, com 218,8 km de extensão - que deve ser leiloado no primeiro trimestre de 2025; Trecho 2) Juiz de Fora/BH, com 232 km de extensão - já leiloado no 1º semestre deste ano para a EPR;
Trecho 3) Rota dos Cristais, com 594 km de extensão de Belo Horizonte (MG) a Cristalina (GO) - licitada semana passada; e Trecho 4) Rota do Pequi, com 315 km de extensão, que incluem o trecho da BR-040 de Cristalina a Brasília, além de segmentos da BR-060 e BR-153, de Brasília a Goiânia. Esse trecho está com o calendário de concessão atrasado - ainda está na fase de estudos, e tende a ficar para o final do próximo ano ou para 2026.
O que será feito na Rota dos Cristais
O projeto de concessão da Rota dos Cristais prevê um total de R$ 12 bilhões em investimentos, divididos em R$ 6,4 bilhões para infraestrutura e R$ 5,6 bilhões destinados a custos operacionais. Estimam-se a geração de 91.104 empregos (diretos, indiretos e efeito-renda).
Entre as melhorias prometidas pelo novo concessionário estão: 342 km de faixas adicionais; 61,6 km de vias marginais; 5 passagens subterrâneas; 34 passarelas; 272 pontos de ônibus; 18 passagens de fauna; e 226 acessos.
Além disso, será implementado um sistema de monitoramento avançado, com 228 câmeras de segurança, 28 painéis de mensagem e tecnologia para detecção automática de incidentes.
A nova concessão deve resultar em R$ 12,09 bilhões em investimentos ao longo do contrato de 30 anos, somadas novas obras e serviços operacionais previstos para o segmento. Conforme consta no Programa de Exploração da Rodovia (PER), no primeiro ano serão realizados os trabalhos dedicados a eliminar problemas na estrada que impliquem riscos iminentes.
Entre o segundo e o quinto ano, haverá melhorias estruturais, funcionais e operacionais, como a recuperação da pista de rolamento. As grandes obras, que englobam duplicações, faixas adicionais e vias marginais, ficarão para o período do terceiro ao sétimo ano.
A concessão da Rota dos Cristais é vista como um projeto estratégico para o desenvolvimento econômico e social das regiões percorridas pelo trecho, abrangendo cidades como Cristalina (GO), Paracatu, Lagoa Grande, João Pinheiro, Sete Lagoas e Belo Horizonte (MG).
A Vinci Highways atua no Brasil principalmente no setor de concessões de aeroportos, mas já tem um ativo no segmento rodoviário, a Entrevias, concessão em São Paulo. O diretor-executivo da empresa para a América Latina, Laurent Cavrois, destacou a importância do projeto. "Estamos prontos para agregar valor a essa infraestrutura, tornando-a mais segura, eficiente e adaptada às necessidades do futuro. Além disso, vamos implementar políticas ambientais que impulsionem o desenvolvimento econômico da região".