Por: William França

BRASILIANAS | O DF completou 77 dias sem registro de feminicídios - um recorde. Especialistas indicam que é reflexo da nova política, que criou uma rede de proteção às mulheres

Mulheres se apoiam. | Foto: Pexels/divulgação

No dia do aniversário da Capital Federal, ontem, um importante recorde foi alcançado: o DF não registra um caso de feminicídio há 77 dias. São quase 3 meses sem vítimas fatais desse crime. O último caso foi registrado no dia 5 de fevereiro, e a vítima era do Paranoá. Desde lá, houve inúmeras tentativas. Mas a rede de proteção à mulher, criada em março do ano passado, está mostrando eficiência e resultados.

Por trás dos números positivos, existe um colegiado composto por 11 secretarias, órgãos judiciais e representantes da sociedade civil. O grupo trabalha na criação e implementação de políticas públicas voltadas para a garantia do direito às mulheres, especialmente as vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade social. Do trabalho desse grupo, surgiram 37 ações propostas - que vêm sendo implementadas. A tecnologia é uma forte aliada. Vale lembrar que o feminicídio foi, percentualmente, o tipo de crime que mais cresceu no DF, em 2023.

Em todo o ano passado, foram registrados 34 feminicídios no DF - número que assustou a todos (e a todas), quando se tornou um lamentável recorde de vítimas fatais. Se olharmos apenas os 4 primeiros meses do ano, em 2023 foram 14 casos de mortes. Neste ano, no mesmo período, há o registro de apenas 5 casos - uma queda de 64%. Este é o maior período sem registros, desde o registrado entre abril e junho de 2020 (50 dias).

Esses dados positivos não demonstram, no entanto, que a situação está sob controle. No primeiro trimestre deste ano, o Distrito Federal registrou 18 casos de tentativas de feminicídio, representando um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período de 2023 - quando foram registrados 16 casos.

Vale lembrar que, há um ano, após o anúncio de dois casos de feminicídio, a então governadora em exercício, Celina Leão (PP) fez um desabafo pungente: "Parem de nos matar!". E com a caneta na mão, tomou as providências que lhe cabiam à época. Os resultados, registrados aqui, demonstram que as providências têm dado certo. Que o recorde se prolongue, por muito mais tempo.

IGES, PARA TRANSPLANTES, NÃO! - Na quinta-feira passada, esta coluna contou em detalhes a intenção do GDF em repassar, para o IGES, a gestão do Centro de Cardiologia e Transplantes do DF. A manobra, da Secretaria de Saúde, foi feita de surpresa: encaminhou um projeto de lei, com pedido de urgência, à Câmara Legislativa. Sem combinar com ninguém. Pois bem: agora, o Ministério Público de Contas pediu ao Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) para interromper esse processo.

O MP também quer que o GDF seja obrigado a apresentar a comprovação da aprovação prévia, pelo Conselho de Saúde do DF, do referido estudo. E deu um prazo de 5 dias para que isso aconteça. Também sugere que o Tribunal de Contas tenha 30 dias para analisar a documentação, para entender o que pretende o GDF, e se o IGES tem mesmo capacidade para abarcar mais essa atividade, uma vez que a entidade ainda está devendo a apresentação de um Plano de Trabalho, solicitada pelos auditores.

Em paralelo, o Ministério Público junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) - que foi um dos avalistas do acordo anterior, em dezembro passado, que transferiu a gestão do Centro de Transplantes de instituição gaúcha temporariamente para o GDF - tem cobrado uma definição de quem será a nova entidade gestora. Quer um chamamento público, para que mais interessados participem de forma transparente. Mas o GDF descartou essa proposta e entende que o IGES poderia assumi-lo. Segue sem apoio, por ora.

MEIO MILHÃO DE ALOKERS - Entre extasiadas e eufóricas, cerca de meio milhão de pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios na noite de sábado para acompanhar o show de luzes, de pirotecnia e de música do DJ Alok. Esse público foi estimado pelo GDF, que praticamente "ganhou de presente" todo o show. Alok não cobrou cachê e a montagem da pirâmide, de 25 metros, forrada por 600 m² de painéis de led de altíssima definição, foi bancada por patrocinadores privados. Estima-se que o custo da montagem foi de R$ 2,5 milhões. O músico, que morou na infância e adolescência em Brasília, se apresentou por 3 horas, com direito a vários convidados.

O sucesso da estrutura e do show (que estreou nos 100 anos do Copacabana Palace, no Rio, sob chuva intensa) fez com que Alok anunciasse uma turnê, por todo o país, ao longo do próximo ano. Anunciou que a próxima parada será em Belém (PA) - que sediará a COP 30. Vale lembrar que o DJ é um entusiasta da causa dos povos originários. No show de Brasília, representantes de 8 etnias se apresentaram aos pés da pirâmide tecnológica.

PIONEIROS EM LUTO - Morreu na manhã de sábado (20), o pioneiro do DF César Trajano de Lacerda. Ele foi um dos fundadores de Taguatinga. Nascido em Goiás, ele chegou a Brasília em 1957, foi comerciante, empresário, secretário do governo de Joaquim Roriz e deputado distrital.

PRAÇA EM REFORMA - E falando em Taguatinga, o GDF iniciou a tão aguardada reforma da Praça do Relógio, em Taguatinga. Esperava-se que a reforma do espaço tivesse sido contemplada com a entrega do Boulevard do Túnel Rei Pelé, obra entregue em junho do ano passado. Mas somente agora, com investimento de quase R$ 6 milhões, o local passará por modernização, com mais acessibilidade e mudanças na iluminação e no paisagismo. Espera-se que as pedras portuguesas, que ornam o piso, sejam preservadas (isso porque o GDF tem insistido em modificar esse tipo de acabamento, alegando acessibilidade). Aguardemos.

PARA FINALIZAR

REABERTURA COM ESPECIAL SOBRE JK - Fechado desde fevereiro para uma reforma nas instalações, o Cine Brasília reabrirá as portas nesta segunda-feira (22), às 11h, com uma sessão especial, apresentando pela primeira vez nas telonas o longa-metragem "JK - O Reinventor do Brasil".

Produzido pela TV Cultura, o filme resgata e celebra a vida e o legado do ex-presidente Juscelino Kubitschek, responsável pela fundação da capital brasileira. Narrado no estilo podcast, o documentário integra um projeto amplo da emissora dedicado ao ex-presidente, incluindo exposições e uma fotobiografia com imagens inéditas de Juscelino, figura central na história do Brasil como o fundador de Brasília e líder do país entre 1956 e 1961.

Além da exibição do filme, os visitantes do Cine Brasília poderão visitar a exposição e a fotobiografia exclusiva do ex-presidente. O evento marca não apenas a reabertura do Cine Brasília, mas também oferece aos brasilienses uma oportunidade única de explorar a trajetória inspiradora de JK e sua influência no cenário político e cultural do país.!

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