Por: Aristóteles Drummond

O outro general Augusto Heleno

General Augusto Heleno | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A máquina esquerdista de desinformar e deformar em relação a fatos e personagens da vida nacional vem mirando o general Augusto Heleno, que foi ministro do Governo Bolsonaro, procurando limitar a este período sua prestação de serviços ao país. O grande público passa a identificar o oficial com o presidente a que serviu, o que é, no mínimo, injusto.

O general, desde sempre, se destacou em sua geração no Exército como um estudioso dos problemas do Brasil e das disputas ideológicas que o mundo vem vivendo nas últimas décadas. Adquiriu experiência política quando foi ajudante de Ordens do general Silvio Frota, líder a seu tempo da força, que sofreu injustificada agressão por parte do presidente Geisel, que se incomodava com a identidade do comandante do Sudeste e ministro com os ideais da Revolução. Geisel, que fez bela carreira dentro e fora do Exército, entretanto, não formou na linha de frente de 64, como foi o caso de seu irmão Orlando. Para um segmento de revolucionários, o drama que o país vive teve suas origens em dois governos: Geisel e FHC. Logo, o general tinha razão.

Augusto Heleno foi notável comandante das forças da OEA no Haiti, que, além do reconhecimento de seus companheiros brasileiros, mereceu a admiração e apreço dos militares do continente. Na volta foi comandar na Amazônia, onde marcou presença pela personalidade comprometida com o interesse nacional e sensibilidade social quando defendeu os milhares de agricultores que produziam, com índios inclusive, arroz em Roraima para o mercado local e de Manaus. No primeiro governo Lula, a área foi entregue a uma tribo, que nunca plantou nada e jogou na miséria cerca de oito mil famílias de agricultores. O tempo mostrou mais uma vez que tinha razão.

Um grupo de militares e civis chegou a articular uma candidatura sua à Presidência da República. Não por vontade dele, mas pelas qualidades demonstradas. Foi atropelado pelo fenômeno Bolsonaro, a quem acabou por servir.

Vale registrar que não se encontra suas digitais nas trapalhadas do então presidente. Deve ter sofrido ao assistir à construção de uma improvável derrota, pois o saldo do governo era positivo, não fazendo sentido as polêmicas, agressões, isolamento a tal ponto que, caso não tenha perdido, como parece, e sim vítima de manipulação do sistema eletrônico de votação – bem testado em 11 pleitos – confirma a incapacidade de político ao ter tido quem o defendesse, além da imensa popularidade. Esta, no jogo do poder, tem a mesma importância da torcida do Flamengo no Maracanã. Bolsonaro, em termos de assessoria política, se limitou a Daniel Silveira e Carla Zambelli. Nem Ciro Nogueira, bom político, conseguiu se fazer ouvir.

O general é um ilustre brasileiro que não merece este indigno linchamento. Seu pecado, quando muito, se limitou a lealdade ao chefe, eleito de maneira consagradora quando o país estava à beira do abismo e teve sucesso no que dependeu de uma equipe com Tarcísio Freitas, Tereza Cristina, Marcos Pontes, Paulo Guedes e o exemplo do vice. Pena que Bolsonaro tenha jogado tudo fora por falta de humildade, de sabedoria política, de cultura e de educação. Mas o general Augusto Heleno não tem nada com isso.