Por: Aristóteles Drummond

Comércio é patrimônio do Rio de Janeiro

Fachada da Casa Cavé na esquina da rua Uruguaiana com a rua Sete de Setembro, no Centro do Rio de Janeiro. | Foto: Carlos Luis M.C. da Cruz/Wikimedia Commons

As nossas autoridades municipais não se aperceberam da importância para a cidade, como seu patrimônio imaterial, do seu comércio tradicional, atração para os visitantes, quando não fator decisivo para uma visita à cidade.

Na restauração, são exemplos emblemáticos casas como as confeitarias Colombo, Cave e Manon, no centro da cidade; Cervantes, Bar Bico e Lagoa, na Zona Sul, Salette, na Tijuca, e até o sobrevivente Lamas, no Flamengo. São referências que mantêm a qualidade e a originalidade do que oferecem e conhecidos em todo o país.

O comércio de rua relevante, em casas de tecidos tradicionais como Nuance, Miro, Chamma, é ramo em extinção.

Situação singular é a da tradicional Casa Vesúvio, fundada por Armando Lauria, com 80 anos, e única na venda e fabricação de guarda-chuvas, capas de chuva, chapéus Panamá e Gelot. E até bengalas, uma das quais foi dada de presente ao Papa João Paulo II, numa de suas visitas ao Rio de Janeiro. Hoje na Rua da Carioca, em fase de mudanças que devem respeitar a fachada dos prédios mais antigos.

Recentemente, quando na presidência da Associação Comercial do Rio, Daniel Homem de Carvalho, ultimava formalizar à Prefeitura a sugestão de uma proteção e reconhecimento a estas casas comerciais, que seria isenção do IPTU, enquanto abertas. Estes estabelecimentos sobreviveram às mudanças de mercado, às crises, à pandemia e ao esvaziamento do centro, neste drama em que a população de rua dificulta a recuperação desejada. São atrações da cidade, como as igrejas e alguns de seus hotéis, entre os quais o Copacabana Palace é referência.

No mundo todo existe a preocupação de manter estes estabelecimentos que se constituem em atração e qualidade com história. Em alguns casos, a defesa deste patrimônio vai ao ponto de seus imóveis serem tombados para impedir a demolição. Estes já são beneficiados com isenção de IPTU, porém existem outros que não são tombados, mas que têm tradição comercial que justifica a medida protetora.

Recuperar o centro da cidade pede criatividade, inclusive aquelas de custo zero, como seria o caso do horário comercial ser estendido até às 20 horas, com policiamento garantido, para dar mais vida à área, e valorização de seu patrimônio religioso, com iluminação e destaque a templos católicos, mas também à sede do Grande Oriente, o Templo Positivista, os museus e à Biblioteca Nacional, que deveriam estar disponíveis aos finais de semana.

Juntar estas coisas todas vai animar a recuperação e definir a urgência e a importância de se preservar e proteger as praças públicas, os monumentos e conter o mau uso das calçadas para moradia.

Basta vontade política, que pode ser despertada pela proximidade do pleito municipal.

 

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