Por: Aristóteles Drummond

Deodoro e Tamandaré: abandonados e ultrajados no Rio

Não bastassem os rumos da República nestes seus 134 anos de implantação, o Marechal Deodoro da Fonseca não tem tido o reconhecimento que fez por merecer. Sabe-se que no episódio do 15 de Novembro sua intenção era mais a de uma troca de governo do que de regime. Mas são águas passadas e vale os serviços que prestou como militar, inclusive na Guerra do Paraguai, e como governador do Rio Grande do Sul.

Poucos sabem, inclusive a Secretaria de Cultura da capital, que o monumento na Avenida Beira Mar, em praça que leva o nome do proclamador da República, é também seu túmulo e no entorno estão estátuas de muitos outros ilustres brasileiros presentes no movimento republicano. Há alguns anos, uma estátua do conjunto, pesando 400 quilos, chegou a ser roubada e não resposta.

Agora, a Prefeitura do Rio vem de realizar bela obra de restauro do local, que corre risco de se tornar inócua. Há dias o espaço foi lavado, restando marcas de queima na escada do monumento em decorrência do uso como cozinha da população de rua que ali vem habitando.

A obra pode se configurar em desperdício criminoso de recursos públicos, pois as barracas e as pessoas em situação de rua já voltaram a se instalar ali. O mínimo que se poderia fazer é o Prefeito Eduardo Paes solicitar que o Comando Militar do Leste assuma a guarda do monumento, como ocorre com os restos mortais de integrantes da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial, a pouco metros dali.

A belíssima Praça Paris, também alvo de bom trabalho de restauro e manutenção, é toda cercada, o que fez diminuir o seu mau uso e tem presença da Guarda Municipal. Tendo de conviver com esta triste realidade, cabe às autoridades procurar amenizar os danos ao turismo, à segurança pública, ao próprio decoro da sociedade, preservando locais mais visíveis e com presença histórica, como as estátuas, frequentemente vandalizadas ou roubadas.

Um trabalho conjunto dos órgãos municipais com autoridades militares poderia proporcionar a oportunidade desta relevante colaboração com a cidade na preservação das estátuas de militares como a do General Osório, na Praça XV, que já teve até a espada roubada.

Almirante Tamandaré, exemplar brasileiro, com estátua de autoria de Hildegardo Leão Veloso, é outro abandonado. A Marinha do Brasil poderia voltar a proteger o monumento como ocorreu no passado. Nestes casos, bastaria um telefonema do prefeito Eduardo Paes, que certamente seria atendido. A cultura sem ideologia pede um mínimo de atenção da Prefeitura.

 

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