Porteiro muda vidas por meio da música na escola
Porteiro de escola municipal em Austin conduz "A Voz do Caulino"
Logo no começo da manhã, em todos os dias da semana, o portão da Escola Municipal Professor Márcio Caulino Soares, em Austin, se abre para receber os alunos com o sorriso sempre presente de Leônidas Rodrigues, o porteiro da unidade. Após encerrar o expediente como porteiro, ele tranca a porta, e outra se abre: a do pequeno estúdio onde Leônidas se torna o maestro que conduz o grupo "A Voz do Caulino".
"A música é a minha vida. Vim para a escola em 2008 como monitor de um programa e, quando ele terminou, a direção me convidou a continuar. Hoje sou porteiro, mas nunca deixei de ser professor de música", contou o maestro.
A banda foi criada em 2013. Ao longo dos anos, Leônidas passou a identificar talentos, incentivar alunos, acolher interessados e transformar a música em um espaço de pertencimento — trabalho que hoje se destaca dentro da rede municipal. A emoção da primeira apresentação marcou o início dessa trajetória.
"Reunimos os alunos para ensaiar e cantar. Ali nasceu a primeira apresentação do grupo. Foi um momento muito forte", lembrou.
No contraturno, alunos do 6º ao 9º ano preparam teclado, flautas, cajón, bateria e vozes, formando a sétima geração da banda. Mais do que um estúdio no fim do pátio, o espaço se transforma em um lugar de voz, acolhimento e novas possibilidades, conduzido pelo mesmo maestro que todos os dias recebe cada aluno no portão com a mesma atenção dada aos instrumentos.
"A gente observa comportamento, dedicação e o desejo de crescer. A banda já ajudou alunos com depressão, timidez e dificuldade de socializar", compartilhou.
Arthur Corrêa, de 12 anos, tecladista e vocalista, resume bem o sentimento de fazer parte do grupo.
"É uma sensação muito boa fazer uma coisa que eu gosto. A música deixa a gente leve", disse o aluno do 6º ano.
A popularidade do grupo cresceu tanto ao longo dos anos que fazer parte dele se tornou um objetivo para muitos estudantes. Alguns esperavam por esse momento desde a infância.
"Além de ter pessoas que te entendem de verdade, a música tem o poder de confortar. O coral é uma família para mim. Eu queria muito fazer parte da 'Voz do Caulino' desde o 2º ano. Quando entrei, foi a realização de um sonho", contou a vocalista Laura Sophia, de 11 anos, também do 6º ano.
A diretora Mariângela Soares revelou o impacto do projeto na escola.
"A música salva e resgata. Cada aluno tem uma história do antes e do depois da 'Voz do Caulino'. Eles aprendem disciplina, humildade e, principalmente, a se divertir fazendo o que amam", concluiu.
