Infâncias amazônicas roubadas

Série 'Pssica', de Fernando e Quico Meirelles, denunciam tráfico sexual de menores no Pará

Por Leonardo Sanchez (Folhapress)

Cena de 'Pissica, que estreia nesta quarta-feira na grade da Netflix

A umidade e o calor de mais de 30°C fervem os corpos que se escondem entre entulhos, caixas e lonas num pequeno porto às margens da Baía do Guajará, em Belém. Um deles se refresca ao ser arremessado na água doce, depois de um embate físico truculento. A cena dá o tom da série "Pssica", que pega fogo com as cores quentes da fotografia e com a ação frenética.

Assim que diz "corta", Quico Meirelles aparece com pingos de suor se misturando às estampas da camisa. Ele se agacha, balança efusivamente os braços e faz poses enérgicas para coordenar a cena, ao lado do pai. Fernando Meirelles, por sua vez, dirige tudo com serenidade e a habitual fala mansa, num contraste curioso.

É a primeira vez que o cineasta de "Cidade de Deus" e "Ensaio Sobre a Cegueira" divide a direção com o filho. Uma adaptação do livro homônimo do autor paraense Edyr Augusto, a minissérie é fruto de parceria entre a O2, sua produtora, e a Netflix, e estreia nesta semana com quatro episódios sufocantes, graças à narrativa acelerada e ao peso de seus temas.