Ele tem um Oscar, mas não é de fazer pose
Como o diretor Walter Salles escancarou o Brasil para o Olimpo do cinema em 'Ainda Estou Aqui'
Quando o nome "Central do Brasil" ecoou no saguão naquela cerimônia do Globo de Ouro de 1999, Walter Salles subiu ao palco com um largo sorriso e se fixou distante do microfone, deixando o caminho livre para Fernanda Montenegro agradecer pelo prêmio de melhor filme em língua estrangeira.
Quando "Ainda Estou Aqui" seguiu trajetória parecida, o cineasta mais uma vez desviou os holofotes, fazendo de Fernanda Torres o rosto da campanha rumo ao Oscar.
O fato pode parecer irrelevante, mas demonstra um forte traço de sua personalidade. Discreto, reservado e sóbrio, ele nem parece um dos cineastas de maior prestígio e fama que o cinema brasileiro já produziu.
Seus filmes receberam sete indicações ao Oscar, sem falar nos prêmios do Bafta, a maior láurea do cinema britânico, e dos festivais de Berlim, Cannes, Veneza, Sundance e San Sebastián atrelados ao seu nome, graças também a "Diários de Motocicleta" e "Abril Despedaçado". Mas nem por isso ele faz pose de celebridade. Continua na página seguinte