Por: Mayariane Castro

Presidente visita Sul após catástrofe climática

Santa Maria é a cidade mais atingida pelas chuvas | Foto: Pedro Vara/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, na quinta-feira (2), a cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, após fortes tempestades e enchentes desde o início da semana. A cidade é a mais afetada em número de mortes, segundo o balanço da Defesa Civil do estado divulgado no final desta quarta-feira (1).

Lula desembarcou juntamente com a comitiva de ministros para reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB) que pede por amparo do governo federal a população do estado. O governador pediu uma articulação entre as Forças Armadas e o estado para o resgate de pessoas em regiões isoladas e sem acesso, que teve suporte prontificado pelo presidente.

“Tudo o que estiver no alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou por nossos militares, vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender às necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva”, afirmou Lula. O presidente acrescentou em conversa por telefone com Eduardo Leite que oito aeronaves das Forças Armadas aguardam melhora do tempo para poder levantar voo.

Em nova atualização, parte da barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho, localizada no município de Cotiporã (RS), na Serra Gaúcha, rompeu parcialmente no início da tarde desta quinta-feira (2). “Lamentar desde já todas as mortes que ainda não foram registradas e que serão muitas, infelizmente, por conta de deslizamentos e de pessoas que estão a 48 horas em localidades que estão inacessíveis já pedindo resgate. A gente está se esforçando para chegar em cada um dos locais”, disse, informando que 204 municípios estão com maior risco em razão da elevação dos níveis dos rios e do perigo de deslizamento de terras.

Calamidade Pública

O governador Eduardo Leite decretou estado de calamidade pública diante da gravidade da situação e suspendeu as aulas sem previsão de volta. As tempestades castigam o Rio Grande do Sul desde segunda-feira (29), e a previsão é que o volume de chuvas continue elevado nos próximos, segundo meteorologistas.

O site meteorológico do estado estima que as chuvas continuem por mais tempo, se estendendo até pelo menos domingo (7). "No domingo, recua com uma frente quente e traz instabilidade para diversas regiões gaúchas. Modelos discrepam ainda sobre quanto pode chover na passagem desta frente quente de Norte para Sul no domingo”, relata a especialista Estael Sias, do MetSul.

A gerente de vendas Jeane Zardo, de 30 anos, mora em São Sebastião, na região do Vale do Caí, uma das mais afetadas pelas enchentes. Ela explica que precisou buscar apoio na casa de colegas em Porto Alegre porque estava sem energia e completamente isolada por conta do alto nível de água em seu bairro. Mesmo morando em um bairro na parte alta da cidade, as enchentes ainda afetam o local, porém em menor escala comparado a outras regiões.

Jeane conta que não é a primeira vez que a cidade enfrenta enchentes de alto impacto e que sempre é um processo difícil de recuperação após as chuvas. “Leva meses, a última enchente de proporções imensas foi em novembro e a cidade não se recuperou totalmente. É necessário que seja feita toda a limpeza das ruas e das casas, onde a água passa e vai deixando toneladas de escombros que são removidos aos poucos. Conforme a água vai baixando, as pessoas vão voltando para suas casas e tentando recuperar o que restou”.

A gerente também conta que é um acontecimento comum e que a cidade já possui protocolos de segurança para alertar a população sempre que entra em período de chuvas. “Na minha cidade, a elevação dos rios é monitorada sempre que chove muito, então a prefeitura vai atualizando a medida do crescimento dos rios. Carros de som passam nos bairros que são afetados primeiro pelas cheias avisando as pessoas para saírem de casa, e também são disponibilizados caminhões para carregar uma parte dos móveis das pessoas atingidas para que não seja perdido, começando pelas pessoas ribeirinhas”, explica Jeane.

Números

De acordo com a Defesa Civil, o estado já registrou 24 mortos e 21 pessoas estão desaparecidas. Ao todo, 134 municípios foram afetados pelos temporais, com mais de 3 mil pessoas em abrigos e 15 mil desalojadas. Os locais mais afetados pelos temporais são a região central do estado e os vales do Caí e do Taquari. De acordo com o governador, esses números são “absolutamente preliminares” e deverão aumentar com o passar dos dias.