Por: Mayariane Castro

Lula pede votos para Boulos e é alvo de críticas

Lula pode ter cometido crime eleitoral ao pedir voto para Boulos | Foto: Ricardo Stucker/PR

O Primeiro de Maio deste ano não deverá ser necessariamente um dia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrar. O ato em comemoração à data, que marcou o centenário das comemorações no Brasil pelo Dia do Trabalhador, no estádio do Corinthians, em São Paulo, acabou esvaziado. E ainda poderá trazer dissabores políticos, eleitorais e jurídicos para Lula. Irritado com a baixa presença, Lula reclamou da organização do ato. E ainda pediu votos aos presentes para o candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol). A oposição reagiu duramente ao fato, e poderá pedir providências contra Lula por campanha eleitoral fora de hora e abuso de poder político.

Lula classificou as eleições estaduais como “um cenário de guerra” e que todo apoio de seus eleitores na corrida presidencial é bem-vindo para Boulos. Ele ainda acrescentou que os adversários do candidato são de escala nacional, estadual e municipal, por isso será uma concorrência acirrada.

“Ele [Boulos] está enfrentando três adversários. E, por isso, quero dizer: Ninguém vai derrotar esse moço se vocês votarem no Boulos para prefeito nessas eleições. E eu vou fazer um apelo. Cada pessoa que votou no Lula em 1989, 1996, 1998, em 2006, 2010, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”, discursou o presidente.

Pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra Boulos perdendo a vantagem que já teve na disputa por São Paulo. Segundo a pesquisa, lidera a corrida agora o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), com 27,3%. Boulos vem em segundo, com 25,7%.

Reações

A ação foi fortemente criticada por adversários políticos e partidos dos pré-candidatos à prefeitura de São Paulo entraram com pedidos contra o discurso do presidente Lula. Os deputados federais Júlia Zanatta (PL-SC), Coronel Meira (PL-PE), Carla Zambelli (PL-SP) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP) disseram que vão acionar a Justiça Eleitoral contra o discurso por “campanha eleitoral antecipada” e “desvio de funcionalidade pública”.

A pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo Partido Novo, Marina Helena, entrou com ação direta na Justiça Eleitoral por propaganda antecipada contra Boulos e Lula. Em nota, o partido solicita uma concessão da liminar para determinar que "os Representados se abstenham de realizar qualquer ato de campanha eleitoral antecipada e divulguem os mesmos em suas redes sociais", além da aplicação de multa prevista.

O Diretório Municipal do MDB de São Paulo, partido do atual prefeito Ricardo Nunes, pré-candidato à reeleição, afirmou, por meio de nota, que considerou o discurso como propaganda eleitoral antecipada, e que “vai promover medidas jurídicas cabíveis, buscando a aplicação de multa ao presidente”. A legislação eleitoral impõe restrições sobre propaganda na fase de pré-campanha eleitoral e proíbe pedido de voto antecipado, cabendo punição em casos que desrespeitem a norma.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) deseja denunciar o presidente Lula por crime de improbidade administrativa. Foi encaminhado nesta quinta-feira (2) o pedido de recolhimento de informações e evidências que possam colaborar com a formalização da denúncia após discurso. “Se realmente houve uso de dinheiro público neste evento, o presidente não deve responder apenas por crime eleitoral, mas também crime contra Administração Pública”, escreveu a senadora em uma publicação nas redes.

O Palácio do Planalto apagou do canal oficial do Governo Federal CanalGov, do Youtube, a transmissão dos discursos do 1º de Maio com o discurso na íntegra. Porém, o vídeo seguia no ar no perfil pessoal de Lula nas redes sociais até o final de quinta-feira (2).