Por: Arnaldo Niskier*

A volta do América

Romário é presidente do clube | Foto: Arthur Lyrio/ AFC

Não é desprezível a presença do América Futebol Clube no campeonato carioca. Foi campeão sete vezes. Vamos concluir que não é pouca coisa. Acompanhei o último título que foi conquistado em 1960, quando o Mequinha venceu o Fluminense por 2 a 1. O gol da vitória foi feito pelo zagueiro Jorge. O clube rubro teve presença marcante no bairro da Tijuca (Rua Campos Sales). Pode-se afirmar que o sucesso da Escola de Samba Salgueiro, de cores rubras, tem também a influência do AFC. Sem contar a beleza do hino feito por Lamartine Babo (“hei de torcer até morrer”) que muitos dizem ser o mais inspirado dos clubes cariocas.

Agora, estamos diante de uma incrível notícia. O América vai disputar a segunda divisão. Se ganhar, volta à primeira divisão. E o seu atual presidente, o inesquecível craque Romário, se inscreveu para jogar pelo clube, apesar dos seus 58 anos. Afirmou à imprensa que pode não aguentar dois tempos, mas um pelo menos o seu fôlego suporta. Grande conquista!

Romário foi protagonista do tetracampeonato na Copa de 1994 e hoje é Senador pelo PFL do Rio de Janeiro. Torce pelo América, sentimento que herdou do pai, Edevair de Souza Faria, que morreu em 2018. Ao seu lado também atuarão o atacante André, que atuou ao lado de Neymar, e o filho Romarinho. Comentou sobre o assunto: “Será que ele vai me passar a bola quando eu estiver na área?”

Romário não fez grandes exigências. Assinou contrato para receber apenas um salário mínimo por mês, mas decidiu o que fazer com essa “fortuna”: “Vou repassar ao clube, que anda muito necessitado de dinheiro.”

Enquanto isso, do ponto de vista administrativo, Romário se empenha em criar condições para que o clube possa ter liberada a sua sede e voltar a ser um local de amplas atividades, sociais e esportivas. É preciso lembrar que o América foi uma glória da Tijuca, notabilizando-se por um empenho que deixou muitas saudades no espírito dos seus associados de sempre. Para não ir muito longe, é possível lembrar que os seus bailes de Carnaval eram famosíssimos, inclusive com uma vitoriosa programação infantil.

*Escritor. Membro da Academia Brasileira de Letras