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Distritais abordam caso de tortura na Polícia Militar

Fábio Felix lembrou que muitos casos têm chegado à Comissão dos Direitos Humanos | Foto: Carlos Gandra

Durante uma sessão ordinária na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), os deputados discutiram a denúncia de tortura do soldado Danilo Martins contra o Batalhão de Choque da Polícia Militar do DF (PM-DF). Danilo afirma ter sido agredido por outros policiais para que desistisse do curso de formação do patrulhamento tático móvel. A situação provocou diversos pronunciamentos no plenário, e o presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), sugeriu que fosse enviado, por ele e o deputado Fábio Felix (Psol), um ofício à PM-DF para solicitar providências.

Durante o debate, o deputado Gabriel Magno (PT) levantou questões sobre as condições de trabalho dos policiais e o papel da polícia na sociedade. Ele enfatizou a importância de a polícia ser um instrumento de proteção da comunidade e propôs uma reflexão sobre o modelo policial atual. "Não produzimos segurança pública se a população não puder confiar na polícia. É preciso, sim, apurar, investigar, mas é preciso repensar o modelo da polícia", sublinhou.

Wellington Luiz complementou as observações de Magno, ressaltando que os policiais, muitas vezes mal remunerados e mal preparados. "Uma criança de cinco anos morreu nos meus braços com um tiro no peito; um colega morreu em uma operação ao meu lado, e ninguém nunca me perguntou se no dia seguinte eu estava em condições de botar uma arma na cintura e defender a sociedade", compartilhou Wellington, que também já atuou como policial.

Os deputados Hermeto (MDB) e Roosevelt (PL), ambos com experiência na PM e no Corpo de Bombeiros, respectivamente, destacaram que casos isolados não devem ser generalizados para toda a corporação militar. Roosevelt também enfatizou o papel da CLDF em fiscalizar e representar os interesses da população.

Fábio Felix (Psol) detalhou que muitos casos semelhantes têm sido relatados às comissões, especialmente à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa. Ele explicou que o soldado Danilo Martins relatou ter sido torturado por oito horas antes mesmo do início do curso e ressaltou a importância de proteger as vítimas de abusos semelhantes.

Na segunda-feira anterior (29), o Ministério Público do Distrito Federal cumpriu 14 mandados de prisão temporária relacionados a este caso, que está em fase de investigação.