Por:

Ayrton Senna: 30 anos de saudade

Em 2023, como homenagem, Ayrton Senna foi declarado Patrono do Esporte Brasileiro pelo Governo Federal. | Foto: Divulgação

Por Pedro Sobreiro

O que você estava fazendo no dia 1º de maio de 1994? No Brasil, a data é inesquecível para todos que viveram aquele fatídico feriado do trabalhador, porque a morte precoce de Ayrton Senna ao se chocar contra a barreira de concreto da curva Tamburello, no GP de San Marino, em Ímola, na Itália, deixou um trauma gigantesco no povo brasileiro.

Aquele fim de semana foi catastrófico na Itália. Na sexta-feira (29), o brasileiro Rubens Barrichello havia sofrido um acidente feio ao se chocar contra uma barreira de pneus na prova de classificação. Por sorte, ele quebrou apenas o nariz e sofreu algumas leves escoriações, o bastante para tirá-lo da prova.

No sábado (30), o primeiro acidente fatal marcou o circuito. A asa dianteira do carro do austríaco Roland Ratzenberger se desprendeu do veículo na curva Tamburello, resultando em uma colisão fatal na curva Villeneuve. Ratzenberger foi levado a um hospital em Bologna, mas não resistiu.

Esses dois acidentes ligaram o alerta para Senna, que não havia conseguido terminar provas anteriores e estava encarando a corrida em Ímola como seu recomeço na temporada. O acidente do compatriota e a morte do austríaco o levaram de encontro à FIA (Federação Internacional do Automóvel). Ayrton foi até o local do acidente de Ratzenberger para avaliar a pista e questionou a federação sobre as medidas de segurança para o circuito. A FIA já não gostava dos questionamentos do brasileiro, então aplicaram uma advertência por ter ido até a pista.

Na fatídica manhã de domingo, Senna se colocou como escudo dos pilotos mais jovens ao tentar recriar a Comissão de Segurança dos Pilotos. Mesmo assim, ficou decidido que haveria corrida e eles foram para a pista.

Logo na largada, um acidente envolvendo dois pilotos acabou deixando quatro feridos nas arquibancadas. Até que, na sétima volta, perdeu o controle e se chocou contra a barreira na Tamburello. O mais impressionante de tudo é saber que o piloto lutou em suas últimas frações de segundo de vida. Ao perceber que havia perdido o controle, Ayrton conseguiu reduzir a velocidade do carro de 300 km/h para algo em torno de 200 km/h. Infelizmente, não foi o bastante para impedir a morte do ídolo aos 34 anos.

E mesmo na morte, o gigantismo de Ayrton Senna não deixou de aparecer. Após a retirada do corpo, os agentes de segurança encontraram uma bandeira da Áustria dentro da Williams de Senna. Ele pretendia homenagear Ratzenberger caso ganhasse a corrida.

Legado

Trinta anos depois, o legado de Ayrton Senna segue vive. Ele ajudou a transformar a Fórmula 1 em paixão nacional e inspirou uma série de lendas do esporte, como o colossal Lewis Hamilton.

Mais do que isso, a segurança na Fórmula 1 passou por uma verdadeira revolução. Foram boladas novas barreiras, curvas de diferentes circuitos foram redesenhadas e o cockpit dos pilotos foi readequado para evitar acidentes. Além disso, as curvas Tamburello e Villeneuve foram transformadas em chicanes.

Essas mudanças garantiram mais 20 anos sem qualquer registro de morte na Fórmula 1. O único acidente fatal registrado nos anos pós-Senna foi o trágico acidente de Jules Bianchi, que faleceu no GP do Japão, em 2014.

Fora do esporte, Senna se tornou uma inspiração para milhões de brasileiros, que tomaram o ídolo como símbolo de trabalho duro, dedicação e confiança. Na educação, o Instituto Ayrton Senna, presidido pela irmã de Ayrton, Viviane Senna, atua diretamente na formação de jovens para um Brasil mais justo e tem forte influência na grade da educação nacional.

Nesses 30 anos sem Ayrton, Senna segue uma eterna saudade para um povo carente de ídolos.