Um relatório produzido pelo Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) aponta que o preço da passagem de ônibus em Petrópolis deveria ser reduzido. De acordo com o documento, assinado por um técnico pericial do Núcleo de Engenharia do GATE, houve redução significativa da quilometragem percorrida, o que indica redução da oferta de viagens, encolhimento de itinerários ou supressão de localidades atendidas, e por isso, o valor deveria cair. O estudo foi realizado com base nos dados enviados pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) e pelo Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro).
O documento produzido pelos técnicos do MPRJ diz que o indicador de ofertas de viagens apresentou declínio de 14,74% em relação ao patamar pré-pandemia. Ainda de acordo com o documento, o parâmetro que aponta maior decréscimo quando comparado ao nível anterior a pandemia é a quilometragem percorrida, com redução de 22,22%. Também houve queda no percurso médio mensal percorrido pelos veículos da frota operacional. O texto destaca "redução significativa de 16,89%".
A conclusão do estudo aponta que o sistema de ônibus em Petrópolis não atingiu ainda a operação regular e que a programação de viagens é inferior ao nível regular de 2019. "Os dados extraídos das bases, em conjunto com depoimentos dos usuários revelam que o sistema de ônibus carece de otimização das linhas para operar em condições satisfatórias e eficazes", enfatiza um trecho do documento que também apresenta o índice de quebras dos coletivos no município. Entre o período de outubro de 2022 a setembro de 2023, as empresas de ônibus na cidade apresentaram uma média de 2,80 falhas mecânicas a cada 10.000 km rodados.
O presidente da Comissão de Transporte Público e Mobilidade da Câmara Municipal de Petrópolis, o vereador Hingo Hammes, conta que vistoriou o setor de manutenção de cada uma das empresas de ônibus em Petrópolis e encontrou cenários diferentes. "Quase todas elas possuem veículos mais antigos, no entanto, o estado de conservação dos veículos das empresas Petro Ita e Cascatinha é muito pior. Hoje (30/4), tivemos três acidentes envolvendo veículos dessas duas empresas. Isso não pode mais ocorrer. Nossa luta não é apenas pelo quantitativo de ônibus, mas também, pelo qualitativo deles", disse.
Diminuição abrange outros fatores
Entretanto, a diminuição do preço da tarifa do transporte público ainda depende de outros fatores que não cabem apenas ao relatório produzido pelo Gate, como: inflação do setor (preço dos combustíveis, pneus, peças, mão de obra, entre outros); e do pagamento ou não dos subsídios por parte da Prefeitura. Para a diminuição chegar realmente no bolso dos consumidores, esse estudo técnico do MPRJ deve ser absorvido pelo corpo técnico da CPTrans e seja acrescentado um estudo sobre esses outros fatores, para que então seja analisado se o valor da tarifa necessita de um aumento, diminuição ou que se mantenha no preço atual.
